segunda-feira, 22 de março de 2021

A SOCIEDADE INDUSTRIAL E URBANA

Explosão Populacional


Processo acelerado de crescimento de população no século XIX:
  • Duplicação da população mundial
  • Europa teve maior crescimento relativo no século XIX. continente mais povoado. Brancos europeus colonizaram todos os continentes exceptuando a Ásia ao longo do século. 
Motivos de tão célere desenvolvimento demográfico devido a redução da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida. 
  • avanços na saúde 
  • recuo das pestes e epidemias 
  • melhores condições de higiene das populações europeias
  • Melhor alimentação 
  • melhores salários e nível de vida
Expansão urbana

Urbanismo intenso nos países mais industrializados. Cidades concentram maioria da população europeia como resultado de
  • expansão demográfica 
  • industrialização 
  • êxodo rural
  • imigração
População rural decresce nos países da Europa na razão inversa do crescimento industrial. Aumento do sector secundário e terciário da economia.
Problemas de miséria, promiscuidade e anomia social põem em causa coesão das populações urbanas e geram delinquência e decadência dos valores  e da identidade.



Migrações e Emigração

Entre 1850 e 1914 os fluxos migratórios multiplicam-se entre zonas do mesmo país, diversos países do mesmo continente e países em diferentes continentes. Factores favoráveis como a rapidez das comunicações e os estímulos institucionais dos sindicatos e governos para a emigração.


  • Migrações internas como as sazonais por razões profissionais e os êxodos rurais provocados pelo grande atraso do mundo rural face às perspectivas do mundo urbano.
  • Emigração da Ásia para a América do Norte e da Europa para a América do Norte, Sul e Oceania. Motivos económicos e demográficos, políticos e religiosos.

Assim, a partir de 1840, os europeus espalharam-se pelo mundo em sucessivas vagas de emigração. Especificando, na origem deste fluxo emigratório terão estado os seguintes factores:
  1. A pressão populacional: os governos e sindicatos apoiavam políticas migratórias no intuito de contornar os problemas decorrentes da explosão populacional europeia (necessidade de mais empregos, contestação social).
  2. Os problemas do mundo rural: enquanto nos países desenvolvidos as transformações na agricultura libertavam mão-de-obra, nas regiões menos industrializadas persistiam as fomes provocadas por maus anos agrícolas (foi o caso da vaga de emigrantes irlandeses, durante a "potatoe famine" - fome de batatas - da década de 1840).
  3. Os problemas ligados à industrialização: uma industrialização muito rápida (por exemplo na Grã-Bretanha) produzia desemprego tecnológico (os homens eram substituídos por máquinas), e uma industrialização lenta (caso de Portugal), não oferecia empregos suficientes para a população em crescimento. Ambas as situações podiam, portanto, levar à emigração para países com carência de mão-de-obra.
  4. A revolução dos transportes, que embarateceu o preço das passagens, nomeadamente de barco a vapor.
  5. A idealização dos países de destino (por exemplo os EUA, que receberam metade da imigração europeia, e o Brasil, principal destino da emigração portuguesa no século XIX), os quais eram vistos como a terra das oportunidades, da promoção social e da tolerância moral. Os EUA receberam perto de 34 milhões de pessoas entre 1821 e 1920, sendo a forte imigração apontada como um dos factores que explicam a sua pujança económica.
  6. A fuga a perseguições políticas e religiosas (por exemplo, aquando da instauração da 2ª República em França, em 1848).
Cena de "O Imigrante" de Chaplin - 1917

sábado, 20 de março de 2021

A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL - A EXPANSÃO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL




Ciência e Técnica

O desenvolvimento da indústria e da investigação resultou a partir de meados do século XIX num ciclo de desenvolvimento económico acelerado apoiado em descobertas da ciência, avanços da técnica e novas tecnologias:
  • Aceleração do ritmo das inovações
As empresas investem na investigação, laboratórios e técnicos. Os engenheiros assumem importância crescente na empresa pela ligação que estabelecem entre ciência e técnica. A invenção é produto de uma equipa e não apenas de um sujeito inventor. Progressos cumulativos. Novas formas de energia, novas industrias, novos meios de transporte e uma dinâmica inovadora impulsionada pela concorrência. 
  • Novas fontes de energia 
  • Novas indústrias 
  • Desenvolvimento acelerado das comunicações
Elemento essencial da industrialização, os transportes tornam-se fundamentais para movimentar de forma rápida e barata grandes quantidades de mercadorias a longa distância. Caminhos de ferro, navegação transatlântica e canais marítimos tornaram-se meios fundamentais de comunicação. 

No aspeto económico: 
  • livre concorrência
  • concentração empresarial 
As oficinas dão lugar às grandes empresas e a concentração industrial acelera-se no fim do século XIX. As empresas são cada vez maiores e concentram diversos tipos de atividades surgindo as concentrações verticais e horizontais. Surge o Fordismo ou produção em cadeia que articula a estandardização no fabrico com a divisão do trabalho na linha de montagem, o Taylorismo. Os sindicatos criticaram a Taylorização excessiva por impor um ritmo automatizado e alienante de produção com prejuízos para os empregados e as fábricas procuraram aumentar os salários para compensar os inconvenientes. 
Também os bancos seguem a mesma tendência de concentração. A necessidade de capitais para as grandes obras e empreendimentos nomeadamente nos transportes exigem a concentração de somas de capitais muito elevadas em bancos de depósito mas principalmente de investimento. 
  • otimização de recursos
  • desenvolvimento das trocas internacionais e do comércio interno sob o impulso de mais rápidos meios de comunicação que asseguram já a ubiquidade. 
  • capitalismo industrial e financeiro
Racionalização do Trabalho 

Exigências de produção obrigam à reformulação dos processos e da organização do fabrico. Surgem as grandes linhas de produção e adota-se a organização padronizada da produção com a instalação de grandes linhas de montagem. O Fordismo pretende aumentar a produção e diminuir os tempos mortos da produção aplicando dois métodos de trabalho novos à linha de produção: 
  • Taylorismo segundo o qual o operário realiza apenas uma fase do processo de produção especializando-se num conjunto restrito de operações que realiza de forma automática e com grande destreza.
  • Estandardização segundo o qual são utilizados componentes iguais em vários dos itens fabricados, no sentido de reduzir os custos de produção mantendo a diversidade de artigos produzidos mas utilizando alguns componentes iguais. 
O Fordismo foi fortemente criticado no seu tempo porquanto foram-lhe atribuídos grandes inconvenientes do lado do operário e trabalhador. Assim procurou-se compensar tais inconvenientes com o aumento do salário correspondente aos ganhos de produtividade e aumento de lucros resultantes deste novo sistema de produção. 


Geografia de industrialização

Novas potências industrializadas surgiram a partir de finais do século XIX. França, Alemanha, Estados Unidos e Japão iniciaram percursos de industrialização com sucesso diferenciado apoiando-se em vantagens competitivas das economias respetivas. Acesso a mercados, abundância de matérias primas, desenvolvimento de novas indústrias, e apoios do Estado possibilitaram aos países iniciarem percursos de sucesso que no entanto conduziram o mundo a bloqueios de carácter político derivados de ações imperialistas praticadas pelos estados com maiores necessidades de expansão territorial surgindo o colonialismo intenso e as guerras. 

Formas tradicionais de produção e a persistência de técnicas e rotinas de produção fizeram persistir o antigo ao lado do novo em países altamente industrializados mas também em estados com grandes dificuldades no arranque industrial como Portugal

Agudização das diferenças - Entre o livre cambismo das economias poderosas e o  protecionismo dos países menos industrializados


Numa época em que a maioria dos países desenvolvia políticas protecionistas das suas indústrias domésticas  na sequência das doutrinas económicas tradicionais, os países mais industrializados propunham a liberalização económica e a adoção generalizada de políticas comerciais menos fechadas e mais liberais, na sequência do que era proposto por Smith ou Ricardo. Para este, seria a liberdade de comércio que asseguraria a riqueza de todas as nações.
Depois de adotada pela Inglaterra, tal política foi aceite progressivamente pelas nações mais industrializadas a partir de meados do século XIX apesar da resistência dos países mais moderados e atrasados que hesitavam entre a abertura alfandegária e a proteção às suas indústrias. Tal foi o caso de Portugal como iremos ver.

As crises cíclicas. 

Uma das desvantagens do livre cambismo veio a ser a ocorrência das crises cíclicas que passaram a afetar os países mais industrializados e quem de si dependia, periodicamente, de 6 em 6 ou 10 em 10 anos. Manifestavam-se por vários sintomas:

  • excesso de capacidade produtiva 
  • baixa de preços e destruição de sotcks
  • suspensão de pagamentos aos bancos e Estados, desemprego e redução de salários
  • falência de bancos e empresas 
  • redução do consumo 
A frequência excessiva destas crises entre 1810 e 1929 levou a que a partir desta última os estados tenham abandonado o liberalismo económico excessivo adotando políticas intervencionistas.