A segunda metade do século XIX, foi muito rica em propostas artísticas. Aqui fica de forma sintética a sua contextualização:
Realismo - corrente de reação clara aos pressupostos românticos:
- em vez do culto do eu, propõe a análise da sociedade;
- à nostalgia do passado contrapõe a análise crítica da contemporaneidade;
- por oposição às paisagens dramáticas, representa cenas banais do quotidiano, em que as personagens não são heróis, mas pessoas simples.
O desejo de objetividade na arte reflete a aceitação da corrente filosófica positivista. O gosto pelo concreto levou a que, na pintura, os artistas Courbet, Millet e Manet representassem cenas do quotidiano; contudo, a tentativa de representar apenas o real chocou a sociedade burguesa da época.
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COURBET - Enterro em Ornans |
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MANET - Olympia |
Impressionismo - foi a partir da tela de Monet
Impressão: Sol Nascente que nasceu o termo impressionistas (utilizado desdenhosamente por um crítico para designar um grupo de pintores, de que se destacam Monet, Renoir, Degas e Cézanne, que desafiaram as convenções artísticas da época). O Impressionismo procurava captar na tela a fugacidade do real. Aproximava-se da pintura realista no tratamento de temas vulgares e urbanos, mas aceitava a subjetividade do olhar, transmitida pelos efeitos de luz e pelas cores inesperadas. Graças à expansão do caminho de ferro e à novidade dos tubos de estanho com as cores já preparadas, os pintores impressionistas puderam trocar os ateliers pelo ar livre.
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MONET - Senhora com chapéu de sol
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RENOIR - O Passeio
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DEGAS - A Estrela |
Simbolismo - em reacção ao Realismo e às ideias positivistas, o Simbolismo acentua a possibilidade de existência de uma só realidade e propõe como alternativa a representação simbólica das ideias, razão por que os seus autores foram denominados simbolistas. Gustave Moreau e Puvis de Chavannes souberam criar nas suas telas um ambiente de mistério e de sonho, enquanto Paul Gauguin procurou afastar-se da civilização industrial europeia para procurar, na arte e na vida, um ideal de primitivismo.
Em Inglaterra, a pintura de Rossetti ou de Bourne-Jones (chamada Pré-Rafaelita por recusar os cânones do Renascimento) pode ser integrada na corrente simbolista pela aproximação ao sobrenatural e pela valorização de ambientes de evasão.
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MOREAU - Édipo e a Esfinge |
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ROSSETTI - Helena de Tróia
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BOURNE-JONES - Cortejo Nupcial de Psyche
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Arte Nova - assumindo-se, sobretudo, como um estilo decorativo, a Arte Nova resulta da vontade de imprimir colorido e graciosidade a uma Europa descaracterizada pela industrialização. Os artistas da Arte Nova elaboravam joias refinadas (Lalique), adornavam a entrada para o metropolitano parisiense, ilustravam painéis publicitários com gravuras de mulheres idealizadas entre flores e folhagens (Mucha). O requinte e a elegância permitem identificar, rapidamente, todas as facetas da Arte Nova.
Enquanto corrente arquitectónica, a forma ondulada, a aplicação do ferro e a valorização da estrutura como decoração marcaram as obras de Arte Nova, salientando-se as de Gaudí em Barcelona.
Na pintura, destaque-se Gustave Klimt.
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RENÉ LALIQUE - Pendente "A Princesa Longínqua" |
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ALPHONSE MUCHA
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Entrada do metro de Paris em estilo Arte Nova
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ANTONI GAUDÍ - Igreja da Sagrada Família, Barcelona |
As artes plásticas e a literatura seguiram caminhos comuns na revolução artística da segunda metade do século XIX, em particular nas correntes realista e simbolista.
Na literatura, as descrições minuciosas e a crítica social caracterizaram as obras literárias dos autores realistas, como Flaubert, enquanto Émile Zola (Germinal, Nana, Teresa Raquin) denunciava as condições de vida do operariado.
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Émile Zola |
O simbolismo literário caracterizou-se pela expressão do sobrenatural e pela valorização das ideias subjetivas, nomeadamente na obra de Baudelaire, e em Edgar Allan Poe, autor inglês cujas obras são carregadas de mistério.