domingo, 31 de outubro de 2021

Rosa Luxemburgo - trabalho realizado pela Denise

Rosa Luxemburgo foi uma revolucionaria teórica e marxista, que nasceu a 5 de Março de 1871 em Zamosc na Polónia, região então pertencente ao império russo. Aos 19 anos foi obrigada a fugir da Polónia por motivos políticos tendo-se refugiado na Suíça. 

Ingressou na universidade de Ciências Aplicadas, onde estuda Matemática, Direito e Ciência Política. Em 1894 juntou-se ao seu companheiro Leo Jogiche, que fundou o partido social democrata da Polónia e em 1897 defende a sua tese intitulada "Desenvolvimento Industrial na Polónia". 

Rosa publica a sua primeira obra em 1899, sobre "Reforma Social ou Revolução" onde critica aqueles que esperam alcançar o socialismo por meio de iniciativas institucionais e pacíficas. Foi presa durante 3 meses em Varsóvia, onde recebe ameaças de morte. Vai para a Alemanha onde começa a defender a teoria da greve das massas como instrumento da luta revolucionária. A partir de 1906, a participação partidária de iniciativa revolucionária do proletariado facilitou a difusão das doutrinas socialistas ligadas ao partido social democrata. 

Com a primeira guerra mundial, 1914-1918, Rosa funda a "Liga Espartaquista" que deu origem ao partido comunista Alemão. 

A revolução espartaquista Alemã - 1918-1919 -  tinha como finalidade derrubar a República Burguesa e implantar um regime similar ao que se iniciava na Rússia. Nesse período, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo foram detidos e futilizados pelas tropas governamentais, em Berlin, no dia 15 de Janeiro de 1919.


Fontes de informação:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Luxemburgo 

https://www.gettyimages.com.br/fotos/rosa-luxemburg 

https://www.ebiografia.com/rosa_luxemburgo/ 

https://blogdaboitempo.com.br/2019/01/18/a-historia-e-a-luta-de-rosa-luxemburgo/

Karl Liebknecht - trabalho realizado pelo Renato

Karl Liebknecht nasceu a 13 de agosto de 1871 e faleceu a 15 de janeiro de 1919.

Foi um político e teórico socialista alemão, originalmente do SPD (Partido Social Democrata da Alemanha) e mais tarde co-fundador com Rosa Luxemburgo da Liga Spartaquista e do Partido Comunista da Alemanha. Ficou mais conhecido pela sua oposição à grande guerra e ao seu papel na revolta espartaquista de janeiro de 1919. A revolta foi esmagada pelo governo do SPD e pelos Freikorps (unidades paramilitares formadas por veteranos da 1ª guerra mundial), que executaram sumariamente Liebknecht e Luxemburgo.

Após a sua morte, tanto Liebknecht como Luxemburgo tornaram-se mártires da causa socialista na Alemanha e em toda a Europa.

Fonte: Karl Liebknecht - Wikipedia

sábado, 30 de outubro de 2021

A GRANDE DEPRESSÃO

 Ao longo dos anos vinte, apesar da prosperidade evidenciada por largos setores da economia americana, havia outros que não conheciam o desenvolvimento esperado. A extração de carvão, a construção ferroviária, têxteis tradicionais e estaleiros navais tardavam em desenvolver-se o suficiente e a ultrapassar uma certa estagnação desde o final da guerra e o desemprego aumentava, além dos baixos salários que em geral eram pagos aos assalariados que obrigavam grande parte da população a viver do crédito e das prestações para comprar todo o género de bens. Colheitas demasiado excedentárias  na agricultura provocavam baixos preços e queda dos lucros dos agricultores. Assim, largos setores de atividade sobreviviam com recurso aos bancos e aos empréstimos, quer para ultrapassar dificuldades de tesouraria quer para manter um certo nível de despesa. Também os investidores acionistas atraídos pelos lucros que a compra e venda de ações gerava desenvolviam paralelamente essa atividade utilizando empréstimos bancários para o fazerem. E assim a especulação bolsista aumentava (a bolha acionista...) apoiada nas expectativas do crescimento económico gerando valores das ações que não correspondia à real situação financeira de muitas empresas bem cotadas. 



Entre 21 e 29 de Outubro de 1929 o valor das ações começou a descer acentuadamente lançando o pânico em Wall Street e levando muita gente a procurar sem resultado vender as ações que subitamente não tinham compradores. Tal aconteceu devido às noticias alarmantes sobre a situação de algumas empresas bem cotadas e pela falência de alguns especuladores ingleses na bolsa de Londres como a casa comercial Clarence Hatry. Os investidores ingleses na Wall Street venderam em massa e o valor das ações dos pequenos investidores caiu a pique levando à insolvência milhares de pequenos investidores que se tinham endividado na banca para investirem nas ações. De um dia para o outro os acionistas ficaram sem dinheiro e os bancos que lhes tinham emprestado também, provocando falências em muitas casas bancárias americanas. Outras consequências: 
  • empresas faliram 
  • desemprego elevadíssimo
  • quebra no consumo
  • quebra dos preços
  • baixa da produção industrial 
  • baixa dos salários
Efeitos sociais: 
  • proliferação dos bairros de lata 
  • fome e pobreza extremas
Desenvolveu-se assim o longo período de crise a que se deu o nome de Grande Depressão







Mundialização da crise: persistência da conjuntura deflacionista


Os efeitos da crise alastraram para todo o mundo. Todos os países dependentes dos capitais americanos foram afetados pela retirada dos investimentos e capitais americanos em outros países nomeadamente na Europa, América do Sul e Oceania. Também os países dependentes do comércio e das exportações para os E.U.A. foram fortemente afetados pela crise e entraram também em crise económica devido à política protecionista de H. Hoover que aumentou as taxas sobre as importações para 50%. 

A conjuntura era deflacionista, marcada por:

  • queda dos preços
  • quebra da produção
  • diminuição do investimento e da produção. 
Os países afetados pela crise adotaram políticas restritivas: 
  • reduziram a concessão de crédito
  • aumentaram impostos 
  • reduziram ordenados 
  • desvalorizaram moedas
Mas os efeitos foram ainda mais negativos pois retraia-se a procura dificultando a recuperação económica criando mais obstáculos ao investimento e ao crescimento.



Para melhor entender a conjuntura vivida na época recomenda-se a leitura do livro "As Vinhas da Ira" (1939) do escritor americano John Steinbeck ou o filme com o mesmo nome, datado de 1940 (existe no CRE).

Filmes mais recentes também focaram a temática da Grande Depressão, através de outros pontos de abordagem como "Cinderella Man" de 2005.

AS VANGUARDAS EM PORTUGAL

O início do século XX é marcado em Portugal pela permanência do naturalismo nas artes plásticas (José Malhoa, Columbano Bordalo Pinheiro, Carlos Reis, Alberto de Sousa) protegido e apreciado pela burguesia republicana. 

A partir de 1911, as mudanças políticas alteram o panorama cultural e imprimem uma dinâmica de mudança a todos os níveis da arte e da cultura. O cosmopolitismo e a renovação do espírito e da visão do mundo baseou-se numa visão crítica dos valores e gostos da burguesia - é o modernismo


1º Modernismo 

Marcado por artistas como Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Jorge Barradas, Amadeu de Souza Cardoso ou António Soares.
Características: em vez da volumetria adota-se o plano e traçado geométrico e esquemático.
Abordam-se temas de sátira política, social e anticlerical, ambientes urbanos e retratos psicológicos. Esbate-se a perspetiva em duas dimensões, predominam cores claras e garridas e simplificam-se as formas. 

A 1ª Guerra fez regressar a Portugal Santa Rita pintor, Eduardo Viana, Amadeu de Souza Cardozo.

Em Lisboa surgiu a revista Orpheu com Almada Negreiros, Santa Rita, Fernando Pessoa, José Pacheco e Mário de Sá-Carneiro adotando a tendência nascente do Futurismo.

No Porto, concentram-se Eduardo Viana, Souza Cardoso e o casal Delaunay. 

O Futurismo adaptou-se ao dinamismo cultural republicano. Rompendo com o passado e a tradição, o imobilismo e saudosismo exaltava-se a raça latina, o orgulho, a ação e o movimento. O manifesto Anti-Dantas foi um documento marcante reagindo contra as críticas que provinham das fações culturais mais conservadoras. 
Em 1917 surgiu o Ultimatum futurista às gerações portuguesas no século XX e o número único da revista Portugal Futurista com pinturas de Amadeu, Almada, Santa Rita e textos de Pessoa, Sá Carneiro, Marinetti e outros. 

2º Modernismo 

Entre os anos 20 e 30 decorreu a vaga do segundo modernismo:  destacam-se José Régio, João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro como escritores e pintores como Almada Negreiros e Eduardo Viana, Dórdio Gomes, Mário Eloy, Carlos Botelho, Sarah Afonso, Abel Manta, Helena Vieira da Silva.
Destacaram-se as revistas Presença e ContemporâneaIlustração PortuguesaDomingo Ilustrado, ABC, IlustraçãoSempre Fixe.

A oposição dos setores conservadores e do governo manteve-se, por isso os artistas procuraram impor-se em locais como cafés, clubes e exposições individuais.  

António Pedro será uma figura importante no grupo surrealista português nascido em oposição à cultura do Estado Novo. Organizou a exposição dos Artistas Modernos Independentes reagindo contra a tentativa de arregimentação dos modernistas portugueses que António Ferro, na altura diretor do Secretariado da Propaganda Nacional, tencionava fazer. 

Amadeu de Souza Cardoso
Rumou a Paris, desde cedo procurando na pintura a realização como artista. Encontra-se com Delaunay e outros,  como Juan Gris e Modigliani, participando em exposições célebres como o Armory Show de Nova Iorque. Regressa a Lisboa em 1914 e encontra a resistência dos setores mais tradicionais. Participa nas revistas Orfeu e Portugal Futurista. Experimenta todas as tendências, desde o cubismo ao dadaísmo passando pelo expressionismo e futurismo. Morreu de pneumónica em 1918. 

Almada Negreiros 
Foi o mais destacado e conhecido dos modernos. Saiu do Colégio dos Jesuítas de Campolide. Inicia-se no campo da pintura e participa no salão dos Humoristas de 1912.
Desenvolve, com Pessoa, o Orpheu e Portugal Futurista desenvolvendo atividade literária em textos de intervenção, como o Manifesto Anti-Dantas, panfletos, poemas e novelas.
Em 1919 vai para Paris, regressa e desiludido parte para Madrid onde desenvolve a técnica do Mural até 1933. Em 1954 pinta o retrato de Fernando Pessoa. Morreu em 1970. 

Eduardo Viana
Foi dos nomes mais destacados da segunda fase do modernismo português.
Em 1905 partiu para Paris com Manuel Bentes procurando atualizar-se no convívio com os pintores da moda. Viaja pela Europa e conhece a pintura de Cézanne que o influencia.
Regressa a Portugal em 1915 com os Delaunay e fixa-se no norte onde desenvolve a sua técnica. Aborda o cubismo matizando-o com cores alegres e cheias de luz. Regressa à figuração volumétrica que sempre o marcou com um toque oitocentista contrariado apenas pelo império da cor. 

A LITERATURA

Todo o período das primeiras décadas do século XX foi marcado por uma inovação acentuada ao nível da literatura que pôs em causa os valores e as tradições literárias com uma grande variedade de temas e estilos semelhante à que percorreu as artes plásticas. 

Os escritores procuraram libertar-se da expressão da realidade concreta adotando percursos comprometidos com a psicanálise, e a vida interior das personagens. As obras literárias tornam-se tributárias da expressão de desejos, recalcamentos e emoções intensas, longamente descritas por vezes em intermináveis discursos monocórdicos. É o caso da obra de Marcel Proust "Em busca do Tempo Perdido" editado em 1913. 
Desta época são também André Gide que proclama a liberdade do sujeito e a rejeição de regras e convenções sociais. 
A mudança dá-se ao nível do tema mas também da forma, da linguagem e da construção frásica como no caso dos poemas caligramados de Apollinaire, dos dadaístas, dos surrealismos de Eluard ou Breton. Também é desta época "Ulisses" e "Finnegans Wake" de James Joyce, romances imbuídos de intimismo e um confronto obsessivo entre as memórias e o mundo presente. 
Caligramas de Apollinaire 

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

AS VANGUARDAS ARTÍSTICAS - RUTURAS COM OS CÂNONES DAS ARTES E DA LITERATURA

 O movimento modernista desenvolveu-se nos inícios do século XX a partir da Europa e em cidades cosmopolitas e com forte movimentação cultural como Paris, ponto de encontro das vanguardas culturais da Europa e do mundo. Reagindo contra o classicismo naturalista e o paradigma romântico e conformista do século XIX os movimentos artísticos vanguardistas procuraram exprimir um intimismo de raiz psicológica matizado com a visão relativista dos fenómenos, admitindo visões alternativas e desfigurando a realidade. 

Nova estética influenciada pela psicanálise, a psicologia e o pensamento relativista desfigurando a realidade e admitindo visões alternativas:  

Fauvismo  1904 Paris - Matisse, Derain, Rouault. Arte infantil, ingénua e alegre que utiliza cores agressivas e imagens deformadas. 

MatisseHarmonia em vermelho

Expressionismo – 1905 Dresden - Munch, Kirchner - sobrevalorização do Eu e das angústias da existência, dramatismo na utilização de tons fortes e ambientes pesados onde o pessimismo está presente rejeitando o classicismo romântico.




Munch, O Grito

Cubismo analítico 1908 até 1912 - Braque, Picasso, Juan Gris. Decomposição do espaço tridimensional e geometrização multidimensional da realidade. Os objetos expõem várias facetas do Eu simultaneamente atingindo uma essência.   
Cubismo sintético - reagrupamento do objeto reagindo contra a decomposição extrema a que os analíticos tinham chegado em 1911. Simplificação das formas e agregação de materiais ou justaposição na composição de objetos toscos com intuito simbólico, agrupados de acordo com uma ideia essencial que remete para o sentido da obra. Braque.,Gris, Leger, Delaunay. Guernica foi das últimas pinturas cubistas de Picasso. 

Futurismo 1909 Itália - Marinetti. Rejeição do passado e glorificação do futuro. A máquina e a velocidade como fonte de inspiração. O mundo industrial e a guerra, o dinamismo e o movimento.

                                                                         
Abstracionismo sensível ou líricoKandinsky, 1910 – baseado no expressionismo distinguiu-se pelas cores vivas, pelo apelo ao inconsciente, onírico e intuitivo. Combinação de formas e cores.



Neoplasticismo ou Abstracionismo geométrico –  Piet Mondrian, geometrismo 1917 – Holanda pintura limpa geométrica, ordenada e desprovida de acessório e inutilidades, figuras geométricas elementares que exprimem uma função social da arte como realidade pura desprovida do  inessencial.


Dadaísmo 1916 Suíça - Tzara, Hans Harp. Denúncia da sociedade, desprezo pela guerra e pela arte que é reflexo da obra dos homens. Chocante e obsceno para agitar a sociedade, subversão sem sentido, retrato do próprio mundo. O ilógico, acaso, absurdo. 


Surrealismo – 1924 Paris - Breton, Magritte, Dali. Surgido na literatura, o surrealismo projetava o inconsciente e onírico na obra de arte explorando o psiquismo dos autores. Terreno de divagação de várias correntes técnicas o surrealismo sublinhava o retrato do mundo inconsciente dos sujeitos.


Salvador Dalí, Narciso

terça-feira, 12 de outubro de 2021

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA

O inicio do século XX trouxe às cidades do mundo ocidental um movimento frenético que inspirava otimismo e esperança. Mas no pós-guerra, as memórias do conflito e da crise perduraram, principalmente nas cidades europeias dos países muito atingidos pela recessão.

A estandardização dos comportamentos desenvolveu-se do que resultou uma massificação de preconceitos e crenças interiorizadas por grandes grupos de pessoas geralmente habitando nas cidades. Generalizava-se uma cultura de massas que era também uma cultura de ócio. Desenvolveram-se os espaços e a indústria de entretenimento subsidiadas pela classe média que acedia a todo o tipo de bens de consumo e conteúdos culturais. 
O desporto, o espetáculo e a cultura adquiriram um novo dinamismo e projeção tornando-se setores económicos de grande investimento impulsionados pelos fatores acima citados.
A par de uma transformação nos hábitos a sociedade ocidental assistiu a uma erosão progressiva nos seus costumes e valores mais ancestrais. A burguesia, herdeira de uma posição privilegiada sentiu os efeitos desse desgaste ainda acelerado pela descrença nos valores propagandeados pelas revoluções  liberais. Perante as dificuldades e o sofrimento, as classes mais baixas sentiram que a sua sorte poderia depender da movimentação e ação política. Tal crença levou-as a adotar ideologias que no ambiente difícil do pós-guerra não tardaram a dominar largos setores da população nomeadamente nos países mais industrializados.
A família, o casamento, a religião e mesmo as mais básicas regras de conduta e da moral passaram a sofrer os efeitos de um individualismo e uma anomia crescentes que tiveram como efeito o desenraizamento e a marginalidade típicas das sociedades urbanas mas também o relativismo dos valores e das crenças.
A emancipação feminina
A mulher adquiriu projecção nova nesta sociedade. A sociedade descobriu uma presença cada vez mais constante da mulher em todos os domínios. Espectáculo, política, desporto, cultura, arte, ciência, vida social  eram ambientes onde a mulher se distinguiu e onde se impôs. Desde o século XIX a mulher lutava pelo reconhecimento da sua posição não só na sociedade mas mesmo na família. A partir de inícios do século XX o direito ao voto passou a ser reivindicado pelos movimentos feministas. Destacaram-se as sufragistas britânicas lideradas por Emmeline Pankurst que recorreram a todo o tipo de argumentos e formas de luta para exigir um tratamento igual ao dos homens. Em Portugal, Maria Veleda, Ana Castro Osório, Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo destacaram-se na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Só no final da Grande Guerra é que as mulheres europeias começaram a ver os seus direitos políticos reconhecidos. 

Descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

No início do século XX, rejeição gradual do racionalismo e positivismo científico. Outras vias se abrem ao pensamento humano.
·        Bergson considerava que além da Física e da Matemática, existia um pensamento intuitivo que explicava os comportamentos humanos e libertava os homens do espartilho racionalista.
·        Segundo a Teoria Quântica, a energia desenvolve-se através de movimentos muito rápidos de porções mínimas e variáveis de matéria, os quantum.

·        Teoria da Relatividade, o tempo decorre mais depressa ou devagar consoante a velocidade dos corpos.
A verdade científica não tinha o grau de certeza que até então se pensava. Surgiu assim o Relativismo. 



Conceções psicanalíticas

Freud desenvolveu a Psicanálise que divide a mente em três zonas: inconsciente, subconsciente e consciente. O inconsciente influencia muitos dos nossos comportamentos explicando-os através de noções como a de recalcamento e sublimação, sonhos e livre associação. 



A psicanálise influenciou a sociedade e a arte admitindo comportamentos e  leituras da realidade alternativos aos do senso comum.

As vanguardas artísticas: rupturas com os cânones das artes e da literatura

O movimento modernista desenvolveu-se nos inícios do século XX a partir da Europa e em cidades cosmopolitas e com forte movimentação cultural como Paris, ponto de encontro das vanguardas culturais da Europa e do mundo. Reagindo contra o classicismo naturalista e o paradigma romântico e conformista do século XIX os movimentos artísticos vanguardistas procuraram exprimir um intimismo de raiz psicológica matizado com a visão relativista dos fenómenos, admitindo visões alternativas e desfigurando a realidade

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

PORTUGAL E A 1ª REPÚBLICA

 A 1ª República caracterizou-se por uma instabilidade governativa constante, a participação de Portugal na Grande Guerra e os seus efeitos nefastos que induziram na sociedade portuguesa os germes da desagregação social e do caos económico. O fim do regime republicano democrático foi uma consequência natural de tal situação visto que ao longo dos anos vinte a violência política cresceu num ambiente de constante vazio de autoridade e poder. 


Entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926 houve em Portugal quarenta e cinco governos e oito presidentes da República. 

Fatores que condicionaram de forma mais acentuada a estabilidade do regime republicano

1. Parlamentarismo - O Parlamento ou Congresso era constituído por duas  Câmaras: 
  • Câmara dos Deputados formada por representantes dos círculos eleitorais (concelhos) maiores de 25 anos e eleitos por 3 anos 
  • Câmara do Senado formado por representantes dos distritos e províncias ultramarinas, com mais de 35 anos eleitos por 6 anos. 
Competia ao Congresso fazer as leis, suspendê-las ou revogá-las, elaborar o orçamento da República, organizar a defesa nacional e nomear e destituir o Presidente da República. O regime era portanto de preponderância do poder legislativo sobre o executivo. A constante interferência do Congresso na atividade governativa tornava ineficaz a ação dos governos. Com efeito, os repetidos desentendimentos entre os partidos com assento no Parlamento inviabilizavam a constituição de maiorias parlamentares e geravam impasses irresolúveis que, às vezes por questões secundárias, faziam cair governos e presidentes. Os governos republicanos deixavam assim transparecer uma incapacidade cada vez maior para resolver as dificuldades que o país sentia já desde a monarquia.

2. Laicismo da República - As medidas tomadas pelos governos republicanos nomeadamente no campo da separação entre Igreja e Estado marcaram negativamente as relações entre o Estado e a Santa Sé mas também criando clivagens com grande parte da população católica do país.

3. Participação de Portugal na Grande Guerra - a participação de Portugal na Grande Guerra provocou enorme desequilíbrio financeiro acentuando os problemas de carácter económico e social. Racionamentos de alimentos, inflação, desvalorizações monetárias, défice da balança comercial. 

4. Agravamento da instabilidade política - consequência da participação na Guerra e dos seus perniciosos efeitos económicos e financeiros, a instabilidade agravou-se com o crescimento da atividade sindical, greves e manifestações e a adoção de uma estratégia de sindicalismo revolucionário marcado pelo alastramento dos ideais comunistas. A fome, as doenças e a suspensão de pagamento de salários a diversos setores profissionais, os baixos salários e o desemprego implicaram o recurso das organizações operárias à sabotagem e ao terrorismo.
A guerra provocou também a instauração de dois períodos de ditadura: em 1915, Pimenta de Castro, e em 1917, Sidónio Pais. Sidónio governou durante um ano com grande apoio dos políticos mais conservadores, incluindo monárquicos e mesmo da Igreja. Depois da sua morte que coincidiu com o final da guerra, os monárquicos procuraram no início de 1919 aproveitar o clima de confusão e indefinição política para instaurarem a Monarquia do norte mas não o conseguiram. O parlamentarismo regressou mas com uma instabilidade acrescida. Afonso Costa foi para Paris e novos políticos surgiram mas sem conseguirem reencaminhar o país numa direção coerente. A violência alastrou e impôs-se no quotidiano, principalmente em Lisboa. E o poder político, fragilizado, revela-se incapaz de resolver os problemas.
Perante esta situação, os setores conservadores (destacando-se os mais poderosos grupos económicos e as altas patentes militares) receiam que Portugal enverede pela via do socialismo (triunfante em 1917, na Rússia). À semelhança do que acontecia na Europa, culpam o regime parlamentar de ser o causador de todos os males da República, aspiram por um governo forte, autoritário que ponha termo à instabilidade política e à agitação social e que defenda melhor os seus interesses de classe.


1926 - Ditadura e autoritarismo

Neste contexto de ameaças e instabilidade, entre o caminho da revolução popular ao modelo da U.R.S.S. e o da ditadura semelhante ao da Espanha - Primo de Rivera - e da Itália - Mussolini - os políticos e militares portugueses escolheram o da instauração duma ditadura (28 de Maio de 1926) do tipo do sul da Europa. As proximidades geográficas e vizinhanças ideológicas impuseram o rumo do autoritarismo.
O novo governo decreta o fim das liberdades individuais, dissolve o Congresso da República e extingue todas as instituições de inspiração liberal e democrática. (chegou ao fim a 1ª República e com ela a democracia parlamentar).
Gomes da Costa e as suas tropas desfilam em Lisboa (6-06-1926)



A REGRESSÃO DO DEMOLIBERALISMO

 Os anos após a guerra foram marcados por uma grande instabilidade política e mudanças radicais não só no equilíbrio geoestratégico mundial mas também nas posições assumidas pelos agentes de poder e principais protagonistas. As dificuldades económicas, as gravosas consequências da guerra e as ideologias políticas produziram fraturas graves por todo o mundo. Alguns factos atestam esta tendência:

  • O Komintern ou III Internacional Comunista existente em Moscovo sob a proteção do Partido Comunista da União Soviética deu um grande impulso às lutas operárias e à contestação laboral que alastrava por todo o mundo capitalista, também o mais afetado pela guerra. Formaram-se partidos comunistas em muitos países do mundo em particular nos mais industrializados. A III Internacional orientada por Trotsky e Lenine procurava regular a ação desse movimento comunista mantendo-o fiel à ortodoxia e aos princípios.
  • Na Alemanha, na Hungria e na Itália movimentos radicais de esquerda marxistas leninistas procuraram tomar o poder aproveitando-se das situações políticas caóticas em que os respetivos países saíram do conflito. Em Berlim, um movimento de contestação à Republica de Weimar acabou em banho de sangue com o assassinato dos líderes espartaquistas. Em Munique uma república soviética declarou independência do estado alemão, independência essa que durou um mês. Até 1920 vários movimentos reivindicativos espalharam a desordem e o caos social em várias regiões da Alemanha enquanto na Hungria um movimento chefiado pelos comunistas procurava implantar uma república marxista. Na Itália greves, manifestações e desordens frequentes lideradas por ativistas comunistas tentaram implantar a ditadura do proletariado através da ocupação de fábricas e campos agrícolas sendo severamente reprimidos. Também em Portugal e noutros países europeus a vaga de contestação esquerdista (manifestações e greves) provocou o caos económico e um período de vários anos de recessão económica. 
  • Os movimentos de esquerda despertaram por toda a parte o medo de revoluções comunistas o que teve como resultado o extremar de posições e a implantação de regimes autoritários  em vários países da Europa e do Mundo. Na Itália Mussolini, na Espanha Primo de Rivera, em Portugal a ditadura militar e o Estado Novo. 

A NEP E O TRIUNFO DA REVOLUÇÃO SOVIÉTICA

 Os bolcheviques venceram militarmente a contrarrevolução branca mas, em 1920, a Rússia estava economicamente arruinada. O sistema produtivo apresentava níveis inferiores aos de 1913:

  • a população reduzira-se em 8%
  • as cidades estavam despovoadas
  • campos devastados e fábricas destruídas
  • transportes parados
  • baixa produção industrial
  • baixa produção agrícola porque os camponeses apenas produziam o necessário para a sobrevivência das famílias.
  • produção de cereais desceu para metade da de 1913
  • minas de hulha estavam inutilizadas
  • caminhos de ferro paralisados
  • redução drástica da produção industrial.

Numa conjuntura política que mantinha o país isolado do ocidente capitalista, a miséria e a fome punham em perigo a Revolução.
Procurando retirar o país da ruína em que se encontrava, Lenine põe em prática um programa económico com o objetivo de repor os níveis de produtividade que garantissem à população os bens essenciais à sua subsistência e a independência económica do Estado. Era uma Nova Política Económica (NEP).

O governo recuou no processo das nacionalizações e aceitava a iniciativa privada em setores secundários, mas essenciais da produção, mantendo nacionalizados os setores fundamentais da economia:

  • o pequeno comércio, artesanato e agricultura intervieram no mercado para estimular a concorrência e travar a falta de bens de primeira necessidade
  • recuperação da agricultura através da suspensão das medidas de coletivização agrária, sendo suprimidas as requisições agrícolas e substituídas por imposto em géneros e depois em dinheiro
  • desenvolvimento e modernização da indústria, desnacionalizando-se as empresas industriais com menos de 20 operários, arrendando-se as fábricas a sociedades e particulares e abrindo concessões a empresas estrangeiras.

O Estado ao mesmo tempo tomou medidas para o desenvolvimento das empresas na sua dependência:
  • contratou técnicos estrangeiros
  • reintegrou técnicos do tempo do czar
  • investiu em grandes fábricas criando grandes concentrações industriais
  • desenvolveu cooperativas agrícolas
  • promoveu o investimento estrangeiro
  • instituiu prémios de produção.
  • construiu barragens e centrais hidroelétricas

Para Lenine, este era um recuo estratégico, pois a cedência ao capitalismo durante algum tempo, e sob o controlo do Estado, podia ajudar à consolidação da Revolução.
As medidas tomadas fizeram de novo crescer uma classe média de intermediários, Kulaks (pequenos proprietários rurais) e nepmen (pequena e média burguesia dos negócios), que tinham reposto e até ultrapassado os níveis de produtividade anteriores à guerra, mas por deterem uma riqueza cada vez maior foram gerando oposição e crítica dentro do partido.

Lenine já não viu os resultados da NEP. A sua morte em 1924 veio ensombrar o regime que sofreu até 1927 os efeitos de uma feroz luta política pelo poder entre Estaline e Trotsky. Estaline mais feroz e determinado acabou por vencer esta contenda e Trotsky viu-se obrigado a fugir da U.R.S.S.

DA DEMOCRACIA DOS SOVIETES AO CENTRALISMO DEMOCRÁTICO

 Para Lenine, democracia não era uma forma de governação mas o próprio poder do povo. De acordo com as conceções socialistas, povo é o conjunto dos operários, soldados, marinheiros, camponeses. Assim, para os marxistas-leninistas, o poder só é democrático se for exercido pelos proletários das fábricas, das forças armadas e do campo (mesmo que ele seja exercido por um único partido, excluindo todos os outros por não serem representativos do povo). É o que acontece na Rússia bolchevique, quando o Partido Comunista se afirma como partido único, centralizando o poder do povo - o poder democrático.

Esta é uma forma de poder em que a soberania parte das bases populares, organizadas em sovietes.
Por sua vez, estes sovietes de base elegem representantes seus para os sovietes locais e regionais. Num nível superior de organização política, estes sovietes locais e regionais elegem um soviete supremo, de âmbito nacional. É deste soviete supremo que saem os ministros do governo. Em última instância, os ministros elegem um Presidium, que é o órgão supremo da República, onde se inclui o Presidente da República.
Esta é uma organização do poder bastante complexa, dominada por uma única corrente ideológica, logo por um único partido (o Partido Comunista) cuja orgânica se confundia com a orgânica do Estado soviético. Toda a estrutura cimeira do poder era constituída pelas elites dirigentes do partido - a nomenklatura. O presidente do partido era, por inerência, o Presidente da República. As altas figuras do partido eram as altas figuras do Estado.
Esta constituição do poder é considerada democrática porque se baseava no sufrágio universal exercido de baixo para cima. É considerada centralista porque o poder era centralizado numa instituição suprema e exercido de forma autoritária.
Disciplina, ordem e autoridade era a única forma de fazer triunfar a revolução dos pobres sobre os capitalistas exploradores. Para isso, os diferentes níveis do poder deviam respeitar a rígida hierarquia, estabelecida de cima para baixo, em que cada nível devia obedecer aos níveis superiores do Partido Comunista.

O COMUNISMO DE GUERRA E A DITADURA DO PROLETARIADO

 Num quadro de ditadura do proletariado em que o Estado era controlado pelos proletários era necessário assegurar a defesa da via comunista. Para isso Trotsky organizou o Exército Vermelho fazendo frente ao Exército Branco, constituído pelas forças dos grandes proprietários e de antigos dirigentes políticos (que reagem aos decretos revolucionários) apoiados pelos países aliados e capitalistas, que invadiram a Rússia depois da Revolução (receosos da internacionalização da revolução). 

Nesta conjuntura de guerra civil, os revolucionários implantam uma política de ditadura feroz e repressiva a nível interno, designada por Comunismo de Guerra. 
Foram os tempos do terror vermelho, em que se consolidou um regime de partido único, policial, persecutório e repressivo, suspendendo-se a constituição, extinguindo a assembleia dos sovietes e os outros partidos políticos. É criada a polícia política - a Tcheka - e instituídos os campos de concentração e a censura (que suspendeu o decreto sobre a imprensa). Quem manifestasse o mais pequeno sinal contrarrevolucionário era duramente reprimido.

Assim se pôs fim à democracia dos sovietes: a terra e as fábricas foram retiradas ao controlo dos sovietes de camponeses e de operários e passaram para o controlo do Estado. Iniciou-se o processo de nacionalização de toda a economia e era ao Estado que cabia a gestão da produção e a distribuição dos bens pela população. Estas medidas revolucionárias não foram aceites sem contestação. Piquetes de operários vigiavam a entrega de colheitas ao Estado. Nas cidades as fábricas tinham que trabalhar ao sábado, verificando-se outros abusos dos direitos:

  • Nacionalização das empresas com mais de 5 operários 
  • Trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos;
  • Prolongamento do horário de trabalho;
  • Repressão da indisciplina.