sábado, 30 de outubro de 2021

AS VANGUARDAS EM PORTUGAL

O início do século XX é marcado em Portugal pela permanência do naturalismo nas artes plásticas (José Malhoa, Columbano Bordalo Pinheiro, Carlos Reis, Alberto de Sousa) protegido e apreciado pela burguesia republicana. 

A partir de 1911, as mudanças políticas alteram o panorama cultural e imprimem uma dinâmica de mudança a todos os níveis da arte e da cultura. O cosmopolitismo e a renovação do espírito e da visão do mundo baseou-se numa visão crítica dos valores e gostos da burguesia - é o modernismo


1º Modernismo 

Marcado por artistas como Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Jorge Barradas, Amadeu de Souza Cardoso ou António Soares.
Características: em vez da volumetria adota-se o plano e traçado geométrico e esquemático.
Abordam-se temas de sátira política, social e anticlerical, ambientes urbanos e retratos psicológicos. Esbate-se a perspetiva em duas dimensões, predominam cores claras e garridas e simplificam-se as formas. 

A 1ª Guerra fez regressar a Portugal Santa Rita pintor, Eduardo Viana, Amadeu de Souza Cardozo.

Em Lisboa surgiu a revista Orpheu com Almada Negreiros, Santa Rita, Fernando Pessoa, José Pacheco e Mário de Sá-Carneiro adotando a tendência nascente do Futurismo.

No Porto, concentram-se Eduardo Viana, Souza Cardoso e o casal Delaunay. 

O Futurismo adaptou-se ao dinamismo cultural republicano. Rompendo com o passado e a tradição, o imobilismo e saudosismo exaltava-se a raça latina, o orgulho, a ação e o movimento. O manifesto Anti-Dantas foi um documento marcante reagindo contra as críticas que provinham das fações culturais mais conservadoras. 
Em 1917 surgiu o Ultimatum futurista às gerações portuguesas no século XX e o número único da revista Portugal Futurista com pinturas de Amadeu, Almada, Santa Rita e textos de Pessoa, Sá Carneiro, Marinetti e outros. 

2º Modernismo 

Entre os anos 20 e 30 decorreu a vaga do segundo modernismo:  destacam-se José Régio, João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro como escritores e pintores como Almada Negreiros e Eduardo Viana, Dórdio Gomes, Mário Eloy, Carlos Botelho, Sarah Afonso, Abel Manta, Helena Vieira da Silva.
Destacaram-se as revistas Presença e ContemporâneaIlustração PortuguesaDomingo Ilustrado, ABC, IlustraçãoSempre Fixe.

A oposição dos setores conservadores e do governo manteve-se, por isso os artistas procuraram impor-se em locais como cafés, clubes e exposições individuais.  

António Pedro será uma figura importante no grupo surrealista português nascido em oposição à cultura do Estado Novo. Organizou a exposição dos Artistas Modernos Independentes reagindo contra a tentativa de arregimentação dos modernistas portugueses que António Ferro, na altura diretor do Secretariado da Propaganda Nacional, tencionava fazer. 

Amadeu de Souza Cardoso
Rumou a Paris, desde cedo procurando na pintura a realização como artista. Encontra-se com Delaunay e outros,  como Juan Gris e Modigliani, participando em exposições célebres como o Armory Show de Nova Iorque. Regressa a Lisboa em 1914 e encontra a resistência dos setores mais tradicionais. Participa nas revistas Orfeu e Portugal Futurista. Experimenta todas as tendências, desde o cubismo ao dadaísmo passando pelo expressionismo e futurismo. Morreu de pneumónica em 1918. 

Almada Negreiros 
Foi o mais destacado e conhecido dos modernos. Saiu do Colégio dos Jesuítas de Campolide. Inicia-se no campo da pintura e participa no salão dos Humoristas de 1912.
Desenvolve, com Pessoa, o Orpheu e Portugal Futurista desenvolvendo atividade literária em textos de intervenção, como o Manifesto Anti-Dantas, panfletos, poemas e novelas.
Em 1919 vai para Paris, regressa e desiludido parte para Madrid onde desenvolve a técnica do Mural até 1933. Em 1954 pinta o retrato de Fernando Pessoa. Morreu em 1970. 

Eduardo Viana
Foi dos nomes mais destacados da segunda fase do modernismo português.
Em 1905 partiu para Paris com Manuel Bentes procurando atualizar-se no convívio com os pintores da moda. Viaja pela Europa e conhece a pintura de Cézanne que o influencia.
Regressa a Portugal em 1915 com os Delaunay e fixa-se no norte onde desenvolve a sua técnica. Aborda o cubismo matizando-o com cores alegres e cheias de luz. Regressa à figuração volumétrica que sempre o marcou com um toque oitocentista contrariado apenas pelo império da cor. 

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