terça-feira, 12 de outubro de 2021

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA

O inicio do século XX trouxe às cidades do mundo ocidental um movimento frenético que inspirava otimismo e esperança. Mas no pós-guerra, as memórias do conflito e da crise perduraram, principalmente nas cidades europeias dos países muito atingidos pela recessão.

A estandardização dos comportamentos desenvolveu-se do que resultou uma massificação de preconceitos e crenças interiorizadas por grandes grupos de pessoas geralmente habitando nas cidades. Generalizava-se uma cultura de massas que era também uma cultura de ócio. Desenvolveram-se os espaços e a indústria de entretenimento subsidiadas pela classe média que acedia a todo o tipo de bens de consumo e conteúdos culturais. 
O desporto, o espetáculo e a cultura adquiriram um novo dinamismo e projeção tornando-se setores económicos de grande investimento impulsionados pelos fatores acima citados.
A par de uma transformação nos hábitos a sociedade ocidental assistiu a uma erosão progressiva nos seus costumes e valores mais ancestrais. A burguesia, herdeira de uma posição privilegiada sentiu os efeitos desse desgaste ainda acelerado pela descrença nos valores propagandeados pelas revoluções  liberais. Perante as dificuldades e o sofrimento, as classes mais baixas sentiram que a sua sorte poderia depender da movimentação e ação política. Tal crença levou-as a adotar ideologias que no ambiente difícil do pós-guerra não tardaram a dominar largos setores da população nomeadamente nos países mais industrializados.
A família, o casamento, a religião e mesmo as mais básicas regras de conduta e da moral passaram a sofrer os efeitos de um individualismo e uma anomia crescentes que tiveram como efeito o desenraizamento e a marginalidade típicas das sociedades urbanas mas também o relativismo dos valores e das crenças.
A emancipação feminina
A mulher adquiriu projecção nova nesta sociedade. A sociedade descobriu uma presença cada vez mais constante da mulher em todos os domínios. Espectáculo, política, desporto, cultura, arte, ciência, vida social  eram ambientes onde a mulher se distinguiu e onde se impôs. Desde o século XIX a mulher lutava pelo reconhecimento da sua posição não só na sociedade mas mesmo na família. A partir de inícios do século XX o direito ao voto passou a ser reivindicado pelos movimentos feministas. Destacaram-se as sufragistas britânicas lideradas por Emmeline Pankurst que recorreram a todo o tipo de argumentos e formas de luta para exigir um tratamento igual ao dos homens. Em Portugal, Maria Veleda, Ana Castro Osório, Adelaide Cabete e Carolina Beatriz Ângelo destacaram-se na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Só no final da Grande Guerra é que as mulheres europeias começaram a ver os seus direitos políticos reconhecidos. 

Descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

No início do século XX, rejeição gradual do racionalismo e positivismo científico. Outras vias se abrem ao pensamento humano.
·        Bergson considerava que além da Física e da Matemática, existia um pensamento intuitivo que explicava os comportamentos humanos e libertava os homens do espartilho racionalista.
·        Segundo a Teoria Quântica, a energia desenvolve-se através de movimentos muito rápidos de porções mínimas e variáveis de matéria, os quantum.

·        Teoria da Relatividade, o tempo decorre mais depressa ou devagar consoante a velocidade dos corpos.
A verdade científica não tinha o grau de certeza que até então se pensava. Surgiu assim o Relativismo. 



Conceções psicanalíticas

Freud desenvolveu a Psicanálise que divide a mente em três zonas: inconsciente, subconsciente e consciente. O inconsciente influencia muitos dos nossos comportamentos explicando-os através de noções como a de recalcamento e sublimação, sonhos e livre associação. 



A psicanálise influenciou a sociedade e a arte admitindo comportamentos e  leituras da realidade alternativos aos do senso comum.

As vanguardas artísticas: rupturas com os cânones das artes e da literatura

O movimento modernista desenvolveu-se nos inícios do século XX a partir da Europa e em cidades cosmopolitas e com forte movimentação cultural como Paris, ponto de encontro das vanguardas culturais da Europa e do mundo. Reagindo contra o classicismo naturalista e o paradigma romântico e conformista do século XIX os movimentos artísticos vanguardistas procuraram exprimir um intimismo de raiz psicológica matizado com a visão relativista dos fenómenos, admitindo visões alternativas e desfigurando a realidade

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