sábado, 8 de maio de 2021

PORTUGAL - ENTRE A DEPRESSÃO E A EXPANSÃO (1880-1914)

Apesar da revolução dos transportes e dos progressos na agricultura e na indústria, a Regeneração assentou o seu desenvolvimento económico em bases instáveis:
  • Livre-cambismo - abriu caminho à entrada de produtos industriais a baixo preço. Portugal não tinha condições de competitividade, pois a sua industrialização só se iniciou cerca de meio século depois dos outros países desenvolvidos da Europa. 
Ao mesmo tempo, a exportação de produtos agrícolas decaiu (devido à doença das vinhas - filoxera - e à concorrência de outros países). Como resultado de tudo isto, a balança comercial portuguesa era deficitária (as importações eram superiores às exportações), em particular por volta de 1890.
  • Investimentos externos - grande parte do desenvolvimento português (vias férreas, transportes urbanos, banca, indústria) fez-se à custa de investidores estrangeiros; sendo assim, as receitas originadas por esses investimentos não revertiam a favor de Portugal (por exemplo, o ramo dos tabacos registou um grande desenvolvimento, mas fiou na posse do capital estrangeiro a partir de 1891).
  •  Empréstimos - o défice das finanças públicas agravou-se ao longo do século XIX (chegando aos 10000 contos de réis entre 1885 e 1889). Os recursos utilizados para aumentar as receitas passavam pelas remessas dos emigrantes (que diminuíram devido à conjuntura política brasileira), pelo aumento dos impostos (medida muito impopular) e por pedidos de empréstimo ao estrangeiro, particularmente ao banco inglês Baring & Brothers (empréstimos que eram utilizados, a maioria das vezes, para pagar os juros de empréstimos anteriores). Por isso, quando o banco londrino faliu, em 1890, Portugal deixou de ter meios de lidar com a dívida. O culminar da crise ocorreu em 1892, quando o Estado português declarou a bancarrota (ruína financeira).
Esta crise obrigou a uma reorientação da economia portuguesa, que apostou nos seguintes vectores:
  • retorno à doutrina proteccionista (nova pauta alfandegária - 1892), que permitiu à agricultura enfrentar os preços dos cereais estrangeiros e à indústria colocar a produção no mercado em condições vantajosas;
  • concentração industrial, através da criação de grandes companhias, melhor preparadas para enfrentar as flutuações do mercado (por exemplo a CUF - Companhia União Fabril - produtora de adubos);
  • valorização do mercado colonial, para compensar a perda de mercados europeus;
  • expansão tecnológica, com a difusão dos sectores ligados à 2ª revolução industrial (electricidade, indústria química, metalurgia pesada) e da mecanização. 

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