terça-feira, 23 de novembro de 2021

A RESISTÊNCIA DAS DEMOCRACIAS LIBERAIS E AS TENTATIVAS DE RESOLUÇÃO DA CRISE

 O intervencionismo do Estado


Para J.M. Keynes os estados deveriam intervir na atividade económica evitando os efeitos das crises de superprodução típicas dos regimes liberais e sua principal fragilidade. Surgiu assim o intervencionismo como teoria económica adotada pela generalidade dos estados atingidos pela crise de 1929.
Keynes criticava também as políticas deflacionistas que combatiam a massa monetária em circulação e reduziam as despesas dos Estados o que, na sua opinião, acentuava ainda mais os efeitos negativos das recessões.
Para Keynes, o Estado deveria ter um papel controlador e regulador do mercado e dos agentes económicos, defendendo o investimento estatal e a ajuda controlada às empresas. De entre os países que adotaram tais políticas distinguem-se os EUA e a França.

EUA -  New Deal

O modelo de recuperação económica do New Deal baseava-se no relançamento da economia através do investimento estatal em obras públicas e na redução do desemprego apoiando os desempregados e demais população em situação de crise. Adotaram-se:
  • medidas financeiras rigorosas com desvalorização monetária, regulação e fiscalização da atividade bancária e inflação controlada através de preços controlados. 
  • Política de grandes obras públicas que combateu o desemprego e política social de criação de salário mínimo. 
  • Política de reorganização agrícola para controlar a produção e indemnizar agricultores pela redução das áreas cultivadas. 
  • Política de controlo da produção industrial com preços mínimos e adoção de quotas de produção. 
  • Política social a partir de 1935 criando fundos de reforma e velhice, subsídios de desemprego e apoio aos pobres, salário mínimo e redução do horário de trabalho.
França - Frente Popular

Na França, país atingido duramente pela recessão, as políticas anti-crise eram quase exclusivamente deflacionistas. O desemprego subiu, tal como o descontentamento e as criticas de todos os quadrantes surgindo movimentos fascistas e xenófobos. No meio da crise social surgiu um governo de Frente Popular, coligação constituída por partidos de esquerda democrática, liderado por Léon Blum. Combateu o surto grevista que afetou vários setores da economia e entre 1936 e 1938 desenvolveu-se a legislação social e promoveu-se uma política de concertação social com contratos coletivos de trabalho regulando direitos, obrigações, horários de trabalho, férias pagas e salários. Foram fiscalizadas as atividades dos bancos e do Banco de França, nacionalizadas as fábricas de armamento, os caminhos de ferro, e promoveu-se a regularização da produção e os preços dos cereais. Foi ainda estabelecida a escolaridade obrigatória até aos 14 anos e  o desenvolvimento dos desportos de massas

Espanha - Frente Popular

Também reagindo à crise que provocou a queda da monarquia espanhola e o fim da ditadura de Primo de Rivera, a Espanha caiu num período de crise política e económica que tal como na França provocou o aparecimento de governos de esquerda de Frente Popular em 1936 reunindo socialistas, comunistas, sindicalistas e anarquistas. Foram tomadas medidas drásticas de caráter político como a separação da Igreja do Estado, direito à greve, aumento de salários e ocupação de terras. O caráter esquerdista das medidas ocasionou uma forte reação da direita capitalista que apoiou um pronunciamento militar encabeçado pelo general Franco em Marrocos, que iniciou uma marcha militar que degenerou numa guerra civil que se prolongou durante três anos. 

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