terça-feira, 13 de outubro de 2020

A ENCENAÇÃO DO PODER



«Enganam-se grosseiramente aqueles que pensam que [as regras da etiqueta] não passam de questões de cerimónia. Os povos sobre os quais reinamos, não podendo penetrar no âmago das coisas, fazem os seus juízos pelo que vêem de fora e é quase sempre a partir das precedências e das posições hierárquicas que medem o seu respeito e obediência. Como é importante para o público ser governado por uma só pessoa, também é importante para ele que aquele que desempenha essa função esteja de tal modo acima dos outros que ninguém se possa confundir ou comparar com ele e não se pode, sem lesar todo o corpo do Estado, retirar à sua cabeça os sinais de superioridade, e mesmo os mais ínfimos, que a distinguem dos seus membros.»
Luís XIV, Memórias (adaptado)


Afinal qual o significado da expressão "encenação do poder"?
Como sabem, todos os actos quotidianos do rei eram ritualizados, "encenados" de modo a endeusar a sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou político, pelo que, através da etiqueta, o rei controlava a sociedade. Um sorriso, um olhar reprovador assumiam um significado político, funcionando como punição ou recompensa de determinada pessoa.

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