sexta-feira, 6 de maio de 2022

AS MUTAÇÕES SÓCIO-POLÍTICAS E O NOVO MODELO ECONÓMICO

 O DEBATE DO ESTADO NAÇÃO

Um dos principais legados do liberalismo político, o Estado-Nação surgiu no final das duas grandes guerras   com renovada importância tornando-se assunto estruturante da ordem internacional contemporânea. Surgindo das cinzas dos Impérios Austro-Húngaro, Turco e Alemão em 1919 ressurgiu no final dos anos 40 até aos anos setenta e de novo a partir dos anos noventa com o fim da U.R.S.S. e a reorganização política pós Guerra Fria. Se por um lado países como a Jugoslávia se desmembram em novas pequenas nações, a Alemanha unifica-se, demonstrando que o movimento pode desenvolver-se em dois sentidos, o da fragmentação e o da unificação política. 

Alguns fatores provocam porém a crise atual dos Estados-Nação: 
  • os conflitos étnicos
  • nacionalismos separatistas
  • valorização das diferenças 
  • rivalidades culturais e económicas 
  • o impacto da mundialização e das questões transnacionais que reduz o sentimento de comunidade nacionalista
Explosões étnicas 
Com motivações linguísticas, religiosas ou culturais de raiz histórica, surgiu com renovada força com o abrandamento do centralismo soviético mas pode acentuar-se como reação à padronização da cultura global. Geralmente surgidas por motivos económicos, sociais ou políticos têm aparecido em todos os continentes com exceção da Oceania assumindo uma feição intra-estado e não inter-estados. 
Exemplos: 
  • Tchetchenia reclama a independência da Rússia
  • A Georgia luta contra o separatismo da Ossetia do Sul e da Abecásia
  • O Azerbeijão tenta manter a unidade perante os desejos de independência do Alto Karabath 
  • O Afeganistão que reprime a revolta talibã 
  • A India que reprime a etnia sikh e o território da Cachemira muçulmana. 
  • O Sri Lanka  dividido pelas questões religiosas entre hindus e budistas
  • A China que enfrenta o separatismo tibetano, budista
As situações relatadas remetem em geral para genocídios e ondas de refugiados, permitindo o aparecimento de redes mafiosas e terroristas que se movem com agilidade. 

Questões transnacionais
Várias questões que ultrapassam as particularidades e destinos nacionais afetam a vida de todos nós nas sociedades comunicantes em que vivemos: 
  • Migrações provocadas por motivos vários desde os económicos aos políticos passando pelos religiosos que assumem grande importância na Ásia e África. Da Ásia do sul para o Golfo Pérsico, ou para os países mais ricos da Ásia. De África para a Europa, da América Latina para a Europa ou do México e Cuba para os E.U.A. Acolhimento complexo nos países de destino geralmente mais ricos do que os de proveniência desencadeia por vezes rejeições e reações xenófobas. 
  • Segurança perante o terrorismo internacional que ameaça a economia e as sociedades mais desenvolvidas mas também as mais pobres e culturalmente mais fracas. Vive do contrabando de armas de todo o tipo desde as nucleares às químicas financiando-se frequentemente através do comércio de droga. 
  • Ambiente sujeito a pressões por parte dos países mais industrializados que tardam em efetuar reformas ambientais mas também pressões demográficas particularmente duras em regiões como a África ou o sul e leste da Ásia. Destruição de florestas tropicais, erosão dos solos, avanços do urbanismo e poluição completam um quadro pessimista que é agravado pela destruição coletiva da camada de ozono e o consequente efeito de estufa. Várias conferências têm sido realizadas para enfrentar os problemas ambientais desde o Rio de Janeiro em 1992, a Cimeira da Terra.

AFIRMAÇÃO DO NEOLIBERALISMO E GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA
A partir dos anos oitenta uma nova via para a resolução dos problemas económicos mundiais ressurgiu pela mão de R. Reagan nos E.U.A. e M. Thatcher no Reino Unido. 
  • Rejeitava o keinesianismo por implicar aprofundamento dos défices e aumento da inflação 
  • o neoliberalismo propunha políticas de rigor e de planificação das políticas económicas 
  • evitava a despesa pública com privatizações, 
  • reduzia despesas com segurança social e cortes no emprego, 
  • controle dos salários com pequenos ajustamentos indexados às taxas de inflação. 
  • reduziu-se a intervenção do Estado na economia valorizando a iniciativa privada 
  • estimulando a livre concorrência e liberalizando preços
  • reduzindo impostos sobre as empresas. 
  • propõe-se a liberalização das trocas e o investimento tecnológico. 
Tal política conduziu à chamada globalização aprofundada pelas novas tecnologias de informação e comunicação que se desenvolveram de forma acelerada nos últimos vinte anos principalmente com o advento da Internet e a vulgarização dos telemóveis.

Mecanismos de globalização
Vários fatores têm contribuído para o alastramento do fenómeno globalização: 
  • liberalização das trocas através de políticas de livre-cambismo apoiado nas novas tecnologias, na inovação e na criação de grandes espaços de comércio transnacionais como a ASEAN, a APEC e a NAFTA ou a UE, o MERCOSUL, COMESA. Desde 1995 a OMC (Organização Mundial do Comércio) liberalizando as trocas e o comércio internacional
  • Movimento de capitais possível com a utilização de redes de comunicações mundiais que ligam os mercados de valores mundiais e possibilitam a realização rápida de grandes investimentos e capitais 
  • Novo conceito de empresa dispersa por vários pontos do mundo mas ligada instantaneamente pela rede  que permite a valorização dos negócios e do capital tanto a pequenas empresas como a multinacionais. 

Críticas à globalização
Merece destaque a questão do aprofundamento do fosso entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. 
  • A desigualdade. Os mecanismos de globalização podem ser também mecanismos de diferenciação e de aprofundamento das diferenças. No campo económico cada vez se torna mais difícil aos países com menos recursos recuperar o atraso a não ser com grandes custos sociais. 
  • O desemprego crescente a nível mundial está transformado no grande problema do século XXI e  arrisca-se a produzir fraturas graves no seio das sociedades, mesmo as mais desenvolvidas. 
  • Crises e recuperações tornam-se cada vez mais frequentes. De destacar o Forum Mundial Global que discute desde 2001 as questões do desenvolvimento justificando os crescentes problemas sociais e a desigualdade crescente com as políticas neoliberais dos países mais ricos ou com economias mais dinâmicas. 

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