O DEBATE DO ESTADO NAÇÃO
Um dos principais legados do liberalismo político, o Estado-Nação surgiu no final das duas grandes guerras com renovada importância tornando-se assunto estruturante da ordem internacional contemporânea. Surgindo das cinzas dos Impérios Austro-Húngaro, Turco e Alemão em 1919 ressurgiu no final dos anos 40 até aos anos setenta e de novo a partir dos anos noventa com o fim da U.R.S.S. e a reorganização política pós Guerra Fria. Se por um lado países como a Jugoslávia se desmembram em novas pequenas nações, a Alemanha unifica-se, demonstrando que o movimento pode desenvolver-se em dois sentidos, o da fragmentação e o da unificação política.Alguns fatores provocam porém a crise atual dos Estados-Nação:
- os conflitos étnicos
- nacionalismos separatistas
- valorização das diferenças
- rivalidades culturais e económicas
- o impacto da mundialização e das questões transnacionais que reduz o sentimento de comunidade nacionalista
Explosões étnicas
Com motivações linguísticas, religiosas ou culturais de raiz histórica, surgiu com renovada força com o abrandamento do centralismo soviético mas pode acentuar-se como reação à padronização da cultura global. Geralmente surgidas por motivos económicos, sociais ou políticos têm aparecido em todos os continentes com exceção da Oceania assumindo uma feição intra-estado e não inter-estados.
Exemplos:
- a Tchetchenia reclama a independência da Rússia
- A Georgia luta contra o separatismo da Ossetia do Sul e da Abecásia
- O Azerbeijão tenta manter a unidade perante os desejos de independência do Alto Karabath
- O Afeganistão que reprime a revolta talibã
- A India que reprime a etnia sikh e o território da Cachemira muçulmana.
- O Sri Lanka dividido pelas questões religiosas entre hindus e budistas
- A China que enfrenta o separatismo tibetano, budista
As situações relatadas remetem em geral para genocídios e ondas de refugiados, permitindo o aparecimento de redes mafiosas e terroristas que se movem com agilidade.
Questões transnacionais
Várias questões que ultrapassam as particularidades e destinos nacionais afetam a vida de todos nós nas sociedades comunicantes em que vivemos:
- Migrações provocadas por motivos vários desde os económicos aos políticos passando pelos religiosos que assumem grande importância na Ásia e África. Da Ásia do sul para o Golfo Pérsico, ou para os países mais ricos da Ásia. De África para a Europa, da América Latina para a Europa ou do México e Cuba para os E.U.A. Acolhimento complexo nos países de destino geralmente mais ricos do que os de proveniência desencadeia por vezes rejeições e reações xenófobas.
- Segurança perante o terrorismo internacional que ameaça a economia e as sociedades mais desenvolvidas mas também as mais pobres e culturalmente mais fracas. Vive do contrabando de armas de todo o tipo desde as nucleares às químicas financiando-se frequentemente através do comércio de droga.
- Ambiente sujeito a pressões por parte dos países mais industrializados que tardam em efetuar reformas ambientais mas também pressões demográficas particularmente duras em regiões como a África ou o sul e leste da Ásia. Destruição de florestas tropicais, erosão dos solos, avanços do urbanismo e poluição completam um quadro pessimista que é agravado pela destruição coletiva da camada de ozono e o consequente efeito de estufa. Várias conferências têm sido realizadas para enfrentar os problemas ambientais desde o Rio de Janeiro em 1992, a Cimeira da Terra.
AFIRMAÇÃO DO NEOLIBERALISMO E GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA
A partir dos anos oitenta uma nova via para a resolução dos problemas económicos mundiais ressurgiu pela mão de R. Reagan nos E.U.A. e M. Thatcher no Reino Unido.
- Rejeitava o keinesianismo por implicar aprofundamento dos défices e aumento da inflação
- o neoliberalismo propunha políticas de rigor e de planificação das políticas económicas
- evitava a despesa pública com privatizações,
- reduzia despesas com segurança social e cortes no emprego,
- controle dos salários com pequenos ajustamentos indexados às taxas de inflação.
- reduziu-se a intervenção do Estado na economia valorizando a iniciativa privada
- estimulando a livre concorrência e liberalizando preços
- reduzindo impostos sobre as empresas.
- propõe-se a liberalização das trocas e o investimento tecnológico.
Mecanismos de globalização
Vários fatores têm contribuído para o alastramento do fenómeno globalização:
- liberalização das trocas através de políticas de livre-cambismo apoiado nas novas tecnologias, na inovação e na criação de grandes espaços de comércio transnacionais como a ASEAN, a APEC e a NAFTA ou a UE, o MERCOSUL, COMESA. Desde 1995 a OMC (Organização Mundial do Comércio) liberalizando as trocas e o comércio internacional
- Movimento de capitais possível com a utilização de redes de comunicações mundiais que ligam os mercados de valores mundiais e possibilitam a realização rápida de grandes investimentos e capitais
- Novo conceito de empresa dispersa por vários pontos do mundo mas ligada instantaneamente pela rede que permite a valorização dos negócios e do capital tanto a pequenas empresas como a multinacionais.
Críticas à globalização
Merece destaque a questão do aprofundamento do fosso entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
- A desigualdade. Os mecanismos de globalização podem ser também mecanismos de diferenciação e de aprofundamento das diferenças. No campo económico cada vez se torna mais difícil aos países com menos recursos recuperar o atraso a não ser com grandes custos sociais.
- O desemprego crescente a nível mundial está transformado no grande problema do século XXI e arrisca-se a produzir fraturas graves no seio das sociedades, mesmo as mais desenvolvidas.
- Crises e recuperações tornam-se cada vez mais frequentes. De destacar o Forum Mundial Global que discute desde 2001 as questões do desenvolvimento justificando os crescentes problemas sociais e a desigualdade crescente com as políticas neoliberais dos países mais ricos ou com economias mais dinâmicas.
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