sexta-feira, 6 de maio de 2022

O FIM DO MODELO SOVIÉTICO

 Desde finais dos anos setenta do século XX a União Soviética dava sinais de estagnação. O mundo socialista entrou ao mesmo tempo em crise, sem respostas e sem renovação devido à dinâmica pouco empreendedora das economias de feição centralizadora e estatizante. 

Na U.R.S.S. apesar de algumas reformas sociais e económicas desenvolvidas desde os anos sessenta como a das reformas laborais e a procura de acréscimo de produtividade industrial com a exploração das regiões siberianas, o esforço desenvolvido não teve a correspondente contrapartida. A burocracia e a corrupção alastrou nos anos setenta e mesmo os IX e X planos quinquenais não tiveram os efeitos esperados. 

A crise instalada e a morte de Brejnev em 1982 precipitaram os acontecimentos agravados pelos efeitos internos da invasão do Afeganistão em 1979. Andropov, chefe do KGB tornou-se secretário geral do PCUS e passou a liderar a URSS até 1984 ano da sua morte. Chernenko sucedeu-lhe mas por pouco tempo, entre 1984 e 1985. 
Após a morte de Chernenko, Gorbatchev sucede-lhe como secretário geral do Partido Comunista da União Soviética tendo como principal missão uma política de modernização em todos os sectores e de aproximação com o Ocidente e particularmente os E.U.A. país com o qual as relações se vinham deteriorando desde há muito com a presidência de Reagan e devido à questão afegã. Desde 1979 que estavam suspensas as conversações SALT II 

Algumas medidas foram tomadas então: 
  • reinicio das conversações sobre desarmamento.
  • medidas internas de reforma política e económica, a Perestroika com a adopção de uma política interna de transparência Glasnost. 
A Perestroika pretendia: 
  • descentralizar a economia 
  • estabelecimento de gestão autónoma das empresas, privadas de ajudas e apoios estatais.
  • Incentivos à formação de um sector privado parcial para estimular a concorrência e a competitividade mas também para contrariar a escassez de bens de consumo.
  • procura combater a corrupção
  • crítica aberta e livre aos órgãos políticos
  • à participação activa na vida política
  • 1989 são organizadas eleições livres e pluralistas que elegem o Congresso dos Deputados do Povo.

Colapso da Cortina de Ferro e da Europa Socialista

O fim da política centralizadora e estalinista da URSS levou à contestação crescente no bloco socialista europeu contra os regimes da Europa Oriental. 
  • Na Polónia o sindicato Solidariedade liderado por Lech Walesa encetou em 1980 movimentos de forte contestação política e social ao governo polaco liderado por Jaruzelski. Os operários dos estaleiros de Gdansk apelavam a melhores salários e contra a carestia de vida. As suas reivindicações foram satisfeitas. 
  • O papa João Paulo II, polaco, apoiou a luta dos operários polacos dando um sinal de forte apoio da Igreja Católica à luta pelas liberdades e ao fim do comunismo na Europa e no mundo.  
  • A doutrina da soberania limitada posta em acção por Brejnev nos anos sessenta deu lugar à implantação de regimes livres e democráticos por todo o mundo socialista da época. 
  • Em 1989 há lugar, em vários dos países comunistas europeus, a uma vaga de transformação e liberalização política e social que permitiu a implantação de regimes democráticos e mudanças políticas determinantes para a história europeia como a queda do muro de Berlim e o fim da República Democrática Alemã sucedendo-lhe em Outubro de 1990 a unificação alemã. 
  • Em Novembro de 1990 é extinto o Pacto de Varsóvia e dissolvido o Comecon. 

Fim da U.R.S.S.

O fim da U.R.S.S. iniciou-se com a independência da Estónia em 1988 e em 1990 a Lituania e a Letónia. Gorbatchev perplexo com tais processos de independência enviou tropas e interveio nas repúblicas bálticas em 1991 mas a intervenção de Ieltsin presidente da República da Rússia no golpe político de 1991 impediu o endurecimento do regime proibindo as actividades do Partido Comunista. Como conclusão do processo, a maioria das repúblicas da União pediram a independência nos finais de 1991 nascendo então a CEI (Comunidade de Estados Independentes) à qual aderiram 12 das 15 antigas repúblicas.

Transição para a economia de mercado

A economia soviética deteriorou-se fortemente ao longo dos anos noventa devido às transformações políticas operadas.
  • Acabaram os subsídios do Estado às empresas o que levou à extinção de muitas das unidades de produção e de um aumento acentuado do desemprego. 
  • A liberalização económica provocou inflação e perda do poder de compra. 
  • Verificou-se um rápido enriquecimento, muitas vezes ilícito, de certos sectores restritos da burguesia russa e dos antigos altos funcionários da nomenklatura em resultado da privatização forçada das empresas e do mercado negro que cresceu rapidamente devido às carências ao nível do consumo. 
Nos antigos países da Cortina de Ferro a transição para a economia de mercado verificou-se com iguais  dificuldades. A transição foi precipitada e com fracos apoios externos (excepção da antiga RDA) resultando em crise devido a: 
  • agravamento das desigualdades
  • empobrecimento acelerado das sociedades da Europa Central. 
  • grandes disparidades regionais e nacionais. Enquanto os países mais próximos da Europa Ocidental como a Republica Checa, Hungria e Polónia ultrapassaram os antigos padrões de bem estar, nos países mais afastados como a Roménia ou a Ucrânia as dificuldades agravaram-se. 

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