sexta-feira, 6 de maio de 2022

FOCOS DE TENSÃO NAS REGIÕES PERIFÉRICAS

 FOCOS DE TENSÃO EM REGIÕES PERIFÉRICAS


África subsariana

Desde os anos cinquenta várias regiões do mundo têm sido palco de grande instabilidade e graves problemas económicos e sociais. Se até aos anos oitenta, a Guerra Fria e a dicotomia U.R.S.S. e E.U.A. foram o pretexto que justificava todas as divisões, a partir dos anos noventa após a queda da U.R.S.S. a paz não se instalou em nenhuma região do mundo e a guerra e instabilidade continuam a fazer parte do quotidiano. 
Quatro regiões do mundo merecem alguma preocupação pela dimensão dos problemas que ainda persistem: 
  • África subsariana
  • América Latina
  • Médio Oriente
  • Ex-Jugoslávia
  1. África Subsariana
Problemas mais graves: 
  • fomes 
  • guerras 
  • epidemias 
  • ditaduras e governos brutais
As difíceis condições de vida têm sido responsáveis pela elevada mortalidade na região, marcada por problemas persistentes: 
  • crescimento incontrolável da população 
  • perda de valor das mercadorias e exportações africanas
  • grandes dívidas externas
  • dificuldade de captação de investimentos produtivos
  • perda das ajudas internacionais
A história das nações africanas foi marcada por questões de difícil resolução: 
  • Nacionalismo africano de raiz autóctone motivou os movimentos de independência mas não contribuíram para a unidade nacionalista dos povos após a independência devido a divisões étnicas demasiado fraturantes. 
  • O neocolonialismo europeu não permitiu o desenvolvimento equilibrado da sociedade africana impondo um modelo de cooperação que favoreceu a implantação de regimes autoritários e brutais. 
  • Apesar do fim da Guerra Fria e das esperanças de abertura à democratização os países africanos e os seus governantes têm dificuldade em aderir a modelos políticos liberais e moderados. 
  • As dificuldades, o desemprego e as crises económicas traduzem-se por graves crises de subsistência e pela elevada mortalidade que é fruto do subdesenvolvimento e de políticas autocráticas.

2. América Latina

O século vinte e o atual assistiram a uma sucessão infindável de problemas políticos e de crises conjunturais na América Central e do Sul. Tais crises têm sido marcadas por aspetos socioeconómicos quase sempre  invariáveis:
  • Sucessão frequente de ditaduras militares em alguns dos maiores países da América Latina.
  • repressão policial feroz.
  • elevado endividamento externo.
  • grande dependência dos capitais e mercados externos. 
Outros graves problemas marcaram o passado recente entre 1960 e 1980:
  • revolução cubana provocou receios de propagação do comunismo.
  • regimes militares fascistas pró-americanos alternando com governos de esquerda provocaram grande instabilidade e frequentes golpes militares e crises políticas.
  • surgimento de guerrilhas armadas antigovernamentais facilitaram a divulgação de um modelo de resistência marxista e a implantação de uma opinião pública antiamericana e pró-marxista. 
  • abrandamento do cariz anticomunista de Jimmy Carter permitiu uma progressiva mas lenta normalização.
A partir dos anos oitenta, o abrandamento da política de intervenção ativa americana na América Latina provocou algumas mudanças com reflexos favoráveis na situação política e económica de grande parte desses países: 

  • políticas protecionistas de substituição das importações aceleraram o desenvolvimento tecnológico e económico das sociedades sul-americanas.
  • défices elevados, desvalorizações monetárias, inflações, subida de juros provocaram graves crises financeiras e bancarrotas.
  • políticas neoliberais de abertura ao comércio, aplicadas nas economias mais poderosas da América do Sul levaram a uma inversão do rumo das economias com aumento e diversificação das exportações, captação de investimentos estrangeiros com bons resultados em países como o Brasil, Argentina, Chile, México e Venezuela. 
  • OEA apoiou a partir de 2001 a democratização dos países da América Latina na Carta Democrática Antiamericana.

3. Médio Oriente

Desde 1948, ano da independência do estado de Israel, a instabilidade política tem tido razões de ordem religiosa na zona da Palestina. Ao mesmo tempo as riquezas petrolíferas da região do Golfo Pérsico e Península Arábica marcaram a época da Guerra Fria e foram pretexto para alguns dos conflitos e crises mais marcantes dos últimos quarenta anos. O fundamentalismo islâmico e a questão palestiniana são questões chave que marcam todos os conflitos da região. 

Fundamentalismo islâmico
  • surgiu em 1979 no Irão após a revolução islâmica que depôs o Xá da Pérsia implantando um governo teocrático dominado pelos ayatollahs. 
  • É marcado pelo ideal de Jihad e impõem uma configuração política religiosa baseada no Corão.
  • Rejeitando os princípios laicos das sociedades ocidentais os países fundamentalistas acentuam os caráteres corânicos na sociedade civil.
  • os princípios islâmicos são anti-ocidentais e geralmente aceites pelos países e povos com uma posição mais marcada pelo anti-sionismo. 

Questão Palestiniana

  • A questão palestiniana embora com antecedentes tornou-se mais ativa após a independência do estado de Israel que na opinião dos árabes da Palestina não teve em conta os interesses dos povos árabes. 
  • Em 1967, Israel ocupou os territórios árabes através de uma guerra agressiva que durou apenas 6 dias, com o apoio dos E.U.A. e de países ocidentais. A guerra motivou longas querelas políticas e o fortalecimento da oposição e da resistência anti-sionista levando os árabes a reforçar o papel da Al-Fatah como movimento de oposição armada ao estado judaico.
  • Várias guerras israelo-palestinianas levaram a crises económicas de graves repercussões em todo o mundo nos anos setenta e oitenta o que tornou indispensável a negociação de acordos que permitissem ultrapassar os diferendos entre Israel e o povo palestiniano 
  • Nos finais dos anos oitenta a 1ª Intifada levou a acordos urgentes que evitassem mais violência contra os palestinianos e permitiram a criação do embrião de um estado palestiniano na zona de Gaza e na margem ocidental do rio Jordão, acordos de Oslo de 1993 e 1995. 
  • A Autoridade Palestiniana passou desde então a controlar os territórios habitados maioritariamente por árabes embora com alguma intervenção dos judeus e alguns períodos de violência. 
  • Em 2000 a 2ª Intifada levou Ariel Sharon a construir um muro de separação entre Israel e os territórios palestinianos a fim de evitar os ataques de bombistas suicidas. 
  • A partir de 2005 o movimento palestiniano tem sofrido cisões após a morte de Arafat crescendo a desunião entre partidários do Hamas - fundamentalista islâmico e a Fatah. 

4. Balcãs - Nacionalismos e confrontos
  • 1919 criação do estado da Jugoslávia como monarquia. Pedro I da Sérvia sobe ao trono.
  • 1941 Jugoslávia foi ocupada pelos alemães. Guerrilha liderada pelos partisans e por Josep Tito conseguiu vencer os alemães e evitar a intervenção da U.R.S.S. no território. 
  • 1946 Tito tornou-se presidente da Jugoslávia.
  • Anos 50 Jugoslávia não faz parte do Pacto de Varsóvia nem do Comecon. Socialismo não alinhado. 
  • 1961 Conferência de Belgrado, Tito apadrinha o movimento dos não alinhados. 
  • 1980 Tito morre surgindo dificuldades e desentendimentos entre croatas católicos, sérvios ortodoxos, e bósnios muçulmanos. Diferenças religiosas e culturais entre as seis repúblicas (Croácia, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Eslovénia e Macedónia).  
  • 1990 eleições na Sérvia deram vitória aos comunistas de Milosevic com a oposição da Croácia, Eslovénia e Bósnia. 
  • 1991 Em consequência Eslovénia e Croácia declararam independência. A independência da Eslovénia foi tolerada pela Sérvia mas esta república pretende criar uma Grande Sérvia agrupando Sérvios da Croácia e Bósnia e não aceita secessão destas repúblicas
  • 1992 Inicio da guerra da Sérvia contra Bósnios e Croatas. ONU intervém mas dá-se uma escalada de violência com bombardeamentos de civis, assassínios em massa, migração de populações, campos de extermínio, limpezas étnicas. 
  • 1995 NATO intervém militarmente com o apoio dos E.U.A. impondo o fim das hostilidades. Acordos de Dayton dividiram a Bósnia em comunidades sérvia e croato-muçulmana. 
  • Em 1999 novo conflito no Kosovo e retirada pela Sérvia depois de intervenção armada da NATO. Milosevic foi capturado e julgado pelo Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas mas suicidou-se na prisão. 

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