sexta-feira, 6 de maio de 2022

OS PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

 A HEGEMONIA DOS E.U.A.


O mundo atual tem três grandes pólos de desenvolvimento económico: E.U.A., União Europeia e Ásia/Pacífico e uma grande potência, os E.U.A..

Detendo o maior PIB mundial, dos Estados Unidos depende grande parte do equilíbrio económico mundial. É nos E.U.A. que o neoliberalismo tem a sua maior expressão mesmo que outras grandes potências económicas sigam a mesma política:
  • impostos reduzidos sobre as empresas
  • reduzidos encargos com segurança social
  • liberalização dos despedimentos
A sua economia tem características que marcam o sistema económico capitalista mundial: 
  • a maior parte das maiores empresas multinacionais da industria, comércio e finança são norte americanas.
  • o movimento financeiro destas grandes empresas ultrapassa os montantes movimentados pela maior parte dos estados do mundo. 
  • as multinacionais americanas têm interesses instalados em todo o mundo.
  • os E.U.A. são o maior mercado de consumo mundial. 
  • é o maior exportador de serviços do mundo com 75% da sua economia dependente do sector terciário nas áreas da banca, seguros, transportes, restauração, cinema e música. 
  • grande desenvolvimento e produtividade do sector pecuário e agrícola sendo os maiores exportadores mundiais nesta área. 
  • grande desenvolvimento das regiões urbanas do noroeste mas também do sudoeste dos E.U.A. associado às novas tecnologias (Silicon Valley) e ao elevado investimento em investigação científica em parques tecnológicos (associando universidades, empresas e centros de pesquisa). 
Ao longo dos anos 90 com a presidência de Bill Clinton os E.U.A. reforçaram o seu papel na zona da Ásia Pacífico contrariando a penetração europeia no mundo. Tomaram-se várias medidas: 
  • Desenvolveram-se relações comerciais e políticas com pequenos e grandes países do Pacífico e Indico
  • revitalizou-se a APEC (Cooperação Económica Ásia Pacífico) criada em 1989. Criou-se a NAFTA (Acordo de Comércio Livre da América do Norte) entre México, Canadá e E.U.A. que no entanto não avançou posteriormente devido à oposição dos países da América Latina como a Venezuela. 
Hegemonia Político Militar
A intervenção americana no Koweit para contrariar a política agressiva de Saddam Hussein face a este país levou a um reforço do papel hegemónico militar dos E.U.A. apoiando-se nos seus aliados ocidentais aproveitando-se das dificuldades sentidas pela Rússia após a desagregação da União Soviética e do Pacto de Varsóvia. O seu papel a nível mundial tem sido marcado por diferentes factores: 
  • multiplicaram as sanções económicas sobre países que não respeitam as regras do direito internacional ou que constituem uma ameaça à segurança e à economia mundial. 
  • reforço do papel da OTAN
  • protagonismo militar em várias regiões ameaçadas pela instabilidade política. (Somália 1992 a 1994,  Afeganistão 2001)

A UNIÃO EUROPEIA

Recuperação de aprendizagens

  • 1944- Conferência de Brenton Woods decidiu-se: 
  1. criação de novo sistema monetário internacional assente no dólar
  2. Criação do FMI 
  3. Criação do BIRD ou Banco Mundial
  • 1947- Acordo geral de Tarifas e comércio GATT (General Agreement on Tariffs and Trade)
  • 1947- Criação do Benelux união aduaneira entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo
  • 1947- Plano Marshall de apoio aos países europeus dá origem à OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica)
  • 1950-Declaração Schumann para a cooperação entre a França e a Alemanha no carvão e aço
  • 1951-CECA com impulso de Jean Monnet criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço com França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
  • 1957- A CECA transforma-se em CEE pelo Tratado de Roma com objectivos de política agrícola, comercial comum, união aduaneira e monetária.
  • 1957- Criação da Euratom Comunidade Europeia da Energia Atómica
  • 1960- Fim dos efeitos do plano Marshall a OECE transformou-se em OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). 
  • 1960- Portugal e mais 6 países europeus criaram a EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre).
  • 1960- Adesão de Portugal ao BIRD e FMI.
  • 1962- Adesão de Portugal ao GATT. 
  • 1968- União Aduaneira e entrada em funcionamento do Mercado Comum.
  • 1975- Criação do Parlamento Europeu
  • 1986- Acto Unico Europeu - estabeleceu entre os Estados-Membros as fases e o calendário das medidas necessárias para a realização do Mercado Interno em 1992. Tratava-se de um instrumento institucional novo que alterou pela primeira vez o Tratado de Roma, consagrando o regresso ao voto maioritário no Conselho Europeu, na medida em que alargava o campo das decisões maioritárias ao domínio do mercado interno.
  • 1992- Tratado de Maastricht - cooperação não só económica mas nos campos da política externa, segurança colectiva e assuntos internos (justiça, asilo, imigração, etc)
  • 1999- União Económica e Monetária - criação do Euro. Criação do Banco Central Europeu. 
  • 2002- Euro entrou em circulação nos estados aderentes. 

A União Europeia

Comunidade de 27 estados europeus com 23 línguas diferentes, 500 milhões de pessoas aproximadamente e maior mercado mundial. 
http://europa.eu   
Desde sempre os objectivos da CEE eram os 
  • união aduaneira, a concertação no campo da energia atómica (EURATOM). 
  • política agrícola comum
  • concertação no combate ao desemprego
  • apoio às regiões menos desfavorecidas
  • criação da moeda única
Os efeitos dos choques petrolíferos e da crise económica da década de setenta levaram a um marasmo contrariado a partir de 1985 pelo impulso dado por Jacques Delors que procurou dinamizar e levar por diante a união económica a um número maior de elementos. Assim se desenvolveu a partir de 1992 / 1993 o Mercado Único Europeu com consequências não só económicas mas posteriormente políticas e sociais. (doc 14 p.32) depois da criação do Livro Branco e do Acto Único Europeu de 1986. Assim desde o Tratado de Maastricht de 1992 os países da CE passaram a cooperar e a convergir no sentido de políticas comuns não só económicas mas em todas as áreas: políticas económicas, política externa e segurança e política interna e justiça. 
Como consequência do Tratado instituiu-se em 1999 a moeda única em todos os países da comunidade com a criação do Banco Central Europeu. 

Países aderentes

1957- França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo - 6
1973-Irlanda, Reino Unido, Dinamarca - 9
1981-Grécia 10
1986-Portugal, Espanha 12
1995-Suécia, Finlandia, Áustria 15
2004-Estónia, Letónia, Lituania, Polónia, Rep Checa, Eslovénia, Hungria, Eslováquia, Malta, Chipre 25
2007-Roménia, Bulgaria
2013 - Croácia

A entrada dos países mais periféricos e atrasados a partir de 1981 levantou problemas de convergência à CE sendo adoptadas medidas:

  • Canalização de verbas para apoio a políticas de convergência
  • Aceitação de candidaturas de novos países desde que satisfazendo os critérios de admissão (regimes de democracia, respeito pelos direitos humanos, economia de mercado viável, aceitação dos textos e condições impostas pela CEE)
Dificuldades
Dificuldades diversas têm sido enfrentadas pela CEE: 
  • oposição de largos setores de população dos estados aderentes aos objectivos predominantemente económicos e políticos da comunidade.
  • oposição dos partidos políticos à esquerda das opções de política neoliberal dos países mais importantes da comunidade. 
  • A política de convergência política e de progressiva integração com a anulação das autonomias nacionais tem provocado hesitações do Reino Unido, da Dinamarca ou Suécia, França ou Holanda. 
  • As disparidades culturais e sociais dos países que integram a UE provocam com frequência nas populações nacionais sentimentos de rejeição das medidas mais avançadas e com consequências mais abrangentes em termos políticos nomeadamente a moeda única ou a eliminação de fronteiras. 


ÁSIA PACÍFICO

Fases do desenvolvimento económico da Ásia:
  1. Japão meados dos anos 50 até anos 70 do século XX
  2. Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Formosa (Taiwan)
  3. Malásia, Tailândia, Indonésia e China

Medidas 

O forte desenvolvimento económico do Japão incentivou os países do sudeste asiático à industrialização. Beneficiando da proximidade do Japão e do seu importante mercado, os quatro tigres da Ásia (Coreia do Sul; Formosa-Taiwan; Singapura; Hong Kong) desenvolveram políticas agressivas:

  • políticas económicas proteccionistas
  • atraíram investimentos estrangeiros
  • concederam incentivos às exportações 
  • investiram fortemente no ensino.
Beneficiaram de vantagens competitivas importantes
  • mão de obra pouco reivindicativa
  • baixo custo de mão de obra
  • fracos apoios sociais e más condições de segurança no trabalho
Problemas mais graves
  • grave dependência da economia dos países industrializados
  • dependência energética acentuada 
A partir dos anos 70 a crise do mundo ocidental obrigou estes países a diversificarem mercados e a explorarem os mercados mais próximos e mais rentáveis: 

  • aprofundaram relações comerciais com a ASEAN (associação dos países do Sudeste Asiático, 1967-Tailândia, Malásia, Filipinas, Indonésia) beneficiando das matérias primas em que estes eram ricos. 
  • exportavam manufacturados e tecnologia para os países ASEAN e importavam matérias primas baratas como o petróleo 
  • Malásia é o maior produtor mundial de borrachaóleo de palma e estanho
  • Tailandia, agricultura e turismo
  • Filipinas exporta milho, cânhamo, arroz, cana-de-açúcar e tabaco. Possui também quantidades razoáveis de minérios de crómio, cobre, ouro, ferro, chumbo, manganês e prata.
  • Indonésia, as principais indústrias são a petrolífera e de gás natural, além da indústria têxtil, de papel e de minerais, enquanto que os principais produtos agrícolas são arrozmilhomandiocabatata-doce,tabacochácaféespeciarias e borracha
A partir dos anos oitenta o desenvolvimento induzido por estes contactos levou ao crescimento da economia dos países ASEAN devido à sua mão de obra ainda mais barata que os tornava mais concorrenciais que os outros. A ASEAN tornou-se assim um espaço económico de produção de mercadorias e produtos baratos sem concorrência nos mercados europeu e americano. 

Em 1989 a APEC, foi criada agrupando os E.U.A. Nova Zelândia, Austrália e Canadá e os países asiáticos com economias complementares o que teve como resultado um ainda maior crescimento dos países asiáticos. 

Alguns inconvenientes ainda se assinalam nesta região apesar da prosperidade: 
  • baixos salários e pobreza acentuada
  • altos níveis de poluição
  • desrespeito pelos direitos humanos e uso frequente do trabalho infantil
  • governos de carácter autoritário. 

QUESTÃO DE TIMOR

Invadido pelas tropas indonésias em 7 de Dezembro de 1975 perante a ameaça de uma independência timorense guiada pela FRETILIN, de indole marxista, o território de Timor manteve-se sob a tutela indonésia contra a vontade da comunidade internacional e da O.N.U.
Em 1991 o massacre do cemitério de Santa Cruz em Dili atraiu a atenção da opinião pública internacional e em 1996 depois de vários anos de campanha pelos direitos humanos o bispo D. Ximenes Belo, bispo de Timor desde 1988, e Ramos Horta foram galardoados com o Prémio Nobel da Paz facto que chamou a atenção da comunidade internacional para o problema da ocupação ilegal de Timor pela Indonésia.
Pressionada pelos parceiros ASEAN, a Indonésia aceitou que os timorenses decidissem da sua independência através de um referendo sob supervisão da missão UNAMET das Nações Unidas.
Neste, os timorenses votaram pela independência mas nas semanas seguintes uma vaga de violência lançou o medo na população  mas atraiu a atenção dos E.U.A. e da Austrália que exigiram à Indonésia o cumprimento da vontade da população e retirasse do território aceitando a independência do território finalmente proclamada em maio de 2002.
A instabilidade continuou porém com alguns acontecimentos dramáticos que ocorreram em 2006.


ABERTURA DA CHINA À ECONOMIA DE MERCADO

A morte de Mao e os falhanços do Maoísmo obrigaram a uma reflexão sobre a via política a seguir pelos dirigentes chineses nos anos 70 do século XX.
Deng Xiao Ping procedeu a partir dos anos setenta à modernização da China após a morte do lider carismático chinês com um sistema económico a que se designa socialismo de mercado. Anteriormente grande crítico do radicalismo revolucionário de Mao, lançou medidas de renovação determinantes para os anos que se seguiram:

  • abertura cultural admitindo críticas aos excessos do maoismo. 
  • Desenvolveu os setores da agricultura, indústria, comércio, ciência e indústrias militares. 
  • Desenvolveu uma diplomacia orientada para a abertura ao capitalismo ocidental para modernizar o tecido económico chinês.
  • Reestruturação do setor agrário chinês com a descoletivização de terras e o seu arrendamento a longo prazo a camponeses autorizados a comercializar os excedentes. 
  • Criadas várias Zonas Económicas Especiais, Zuhai, Xiamen, Shenzen e Shantou, Hainan na costa sudeste da China próximas de pólos económicos importantes como portas abertas ao investimento e à tecnologia ocidental. Estas zonas beneficiavam de regimes fiscais muito favoráveis e incentivos diversos à fixação de empresas de turismo, construção, têxteis e energia. 
  • Aproximação às economias japonesa e americana desde 1978.
  • aderiu ao FMI, Banco Mundial e aos acordos do GATT em 1986.
  • Integração de Hong Kong (1997) e de Macau (1999) na tutela chinesa num processo gradual e pacífico que contemplou períodos de transição e regimes especiais de circulação monetária e de administração. 
Dificuldades: 
  • Baixo custo de mão de obra provoca grandes desigualdades e dificulta a formação de um mercado interno.
  • Grandes desigualdades entre o interior rural e o litoral desenvolvido
  • Incentivos à indústria de bens de consumo corrente.
  • Abertura ao comércio externo e abandono das políticas de autarcia. 
  • abertura política e cultural tem sido muito lenta e frequentemente desrespeitadora dos direitos humanos causando querelas diplomáticas frequentes. 

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