quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

A EUROPA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

Algumas questões se colocam quando se discute o impacto da Revolução Francesa no mundo da época:

Quais as razões que levaram os países europeus a recear a Revolução?

A guerra entre a França e a coligação de Pillnitz (Áustria, Prússia) não foi só uma guerra de defesa da revolução mas também uma guerra de expansão do ideário revolucionário e libertário. Assim se tornou rapidamente em guerra de conquista feita pela Convenção e pelo Diretório. Ocupando vários países europeus para onde levaram os ideais revolucionários, Napoleão despertou de novo antagonismos antigos, principalmente da Inglaterra que se tornou primeira força internacional capaz de se opor à expansão imperial de Napoleão,  procurando evitar a expansão das ideias contrárias ao absolutismo. 
Até 1807 as conquistas sucederam-se;  até 1812 houve uma estagnação da expansão napoleónica e até 1815 as derrotas acabaram com o Império. 
Em França, o general Malet, apoiado por sectores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesas, conspira para fazer um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e domina a situação.
Tem início então a luta da coligação europeia contra a França na batalha das Nações (confederação do Reno) que acabou com a derrota de Napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar.

Governo dos Cem Dias
Tratado de Fontainebleau, 1814, exila Napoleão na Ilha de Elba, de onde foge no ano seguinte. Desembarca em França com um Exército e reconquista o poder. Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma a sua luta contra o exército francês. Napoleão entra na Bélgica em Junho de 1815, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleónico. Mas a expansão dos ideais iluministas continuou.
Napoleão foi preso e então exilado pelos britânicos na ilha de Santa Helena em 15 de Outubro de 1815
No mesmo ano, os países da Europa reuniram-se em Viena de Áustria para discutirem o futuro dos territórios do Império de Napoleão. 

Qual a importância política das decisões tomadas no Congresso de Viena de 1815

Neste congresso, reuniram-se os grandes impérios europeus com os objetivos de: 
  • restaurar a legitimidade monárquica na França. Luís XVIII irmão de Luís XVI tomou o poder em 1814. (Luís XVII filho 2º de Luís XVI morreu em 1794 de escrofulose). 
  • impedir as ambições revolucionárias francesas e a expansão das ideias liberais a outros países da Europa. 
  • organizar uma coligação de países que garantissem a paz e a estabilidade das fronteiras europeias: Tripla Aliança (Áustria, Prússia e Rússia) e Quadrupla Aliança (mais a Inglaterra). Pretendiam evitar o alastramento dos movimentos liberais na Europa. 
  • Criar um conjunto de países tampão nas fronteiras da França que impedissem a sua expansão, Países Baixos e Piemonte Sardenha. 
  • Restaurar as fronteiras europeias anteriores à revolução francesa e recolocar os antigos monarcas no poder em França. Luís XVIII
  • Estabeleceu-se o principio das nacionalidades e da legitimidade política dos estados-nação 
No entanto os objetivos políticos dos países vencedores não foram atingidos. 

Os países vencedores da guerra anexaram diversos territórios europeus violando mesmo alguns dos princípios defendidos como o principio das nacionalidades. 
O principio das nacionalidades acabou por fundamentar uma onda de nacionalismo que alastrou da Europa à América Central e do Sul provocando nos anos seguintes a  independência de  dezenas de novos estados e a revolução liberal em vários estados europeus absolutos nomeadamente nos países ibéricos, invadidos pelas tropas napoleónicas. 

Ver também artigo 

As conquistas e os princípios liberais napoleónicos tiveram consequências ? 

Até 1824 países europeus e respetivas colónias sofreram os efeitos das ideias liberais. Revoluções e movimentos de independência alastraram pelo sul da Europa e Américas,
Grécia, Bélgica tornaram-se independentes, guerras civis entre liberais e absolutistas em Portugal e Espanha entre 1829 e 1839.
Em 1848 a república é restaurada na França e revoltas liberais sucedem-se na Austro-Hungria, Alemanha e Itália mas as revoluções não têm continuidade e na própria França Luís Napoleão proclama-se Imperador em 1852. 
Em 1860 a Itália torna-se por fim monarquia constitucional e país independente e em 1870 a Alemanha unifica-se sob a autoridade do imperador Guilherme I da Prússia que com a ajuda de Bismarck inicia campanhas políticas e militares que vão levar os alemães até Paris obrigando o Imperador Luís Napoleão a abdicar e à restauração da 3ª República francesa com Thiers como presidente. 

A instabilidade politica e militar na Europa continuava. Eram agora pretexto as ambições expansionistas e a rivalidade político militar entre as grandes potências europeias: Inglaterra, França e a nova Alemanha. 

Sem comentários:

Enviar um comentário